Resenha, churrasco, academia... A quarentena tem feito o carioca sentir saudade daqueles velhos hábitos do dia a dia. Em pesquisa online divida por categorias, a ESPM Rio constatou que moradores da cidade dizem sentir falta especialmente do chope gelado (46%), do barulho das ondas (34%) e do abraço de amigos e parentes (84%). Tem aqueles que destacaram a falta de olhar o verde da natureza (62%) e o vai e vem das pessoas (39%).
"Minha mãe que me desculpe, mas depois dessa quarentena eu vou ficar uns dez dias fora de casa para matar a saudades dos amigos, beber uma boa cerveja, pegar a primeira roda de samba que eu vir pela frente e vou sambar como se não houvesse amanhã", avisa com antecedência o filho da dona Nancy, o passista da Portela e vendedor autônomo Igor Conceição, de 28 anos.
Para a psicóloga Renata Bento, essa sensação de saudade é algo muito natural. "A característica principal do carioca é a descontração. É uma alegria, uma forma de desenvoltura que combina muito com a liberdade, o ir e vir. E essa privação de liberdade, justamente promovida por toda essa situação atual, acaba colocando o carioca em uma situação invertida, onde ele precisa voltar para dentro de casa, dentro dele", observa ela, que também é psicanalista.
"O isolamento para o carioca, que é um povo extremamente aberto aos encontros com outros, gera um incomodo muito grande, principalmente quando a gente sabe que precisa ficar em casa diante de uma natureza que é convidativa. Lógico que a gente sabe que (a quarentena) vai passar. É um momento onde precisa parar, ficar em casa, caber dentro", frisa.
Igor Conceição, 28 anos
Karen Abdala, 18 anos
A jovem diz que sente falta dos tropeços nas compras das pessoas enquanto andava pelo Mercadão de Madureira, do empurra-empurra na passarela (Minhocão), da mistura de sons de cada esquina. "Principalmente da criatividade dos ambulantes na hora de vender o seu produto", conta ela, saudosa, que ainda sente falta de uma praia também.
Ana Luisa Antunes, 31 anos
Marcelo Saraiva, 36 anos
Para o publicitário, estávamos acostumados à uma rotina e de repente tivemos que nos adaptar a parar de fazer o que nos era importante. "Foi uma mudança muito brusca no que estou acostumado. Sinto falta de estar com meus pais, meus irmãos, sobrinhos... sair com meus amigos. Quando as coisas melhorarem acho que vou fazer um intensivo de encontros", diz.
Camila Saraiva, 40 anos
Bruno Morais, 38 anos
"O que eu mais sinto falta é da liberdade, dos pequenos prazeres habituais, como ir à academia, ao teatro, poder visitar a casa da minha mãe, que é do grupo de risco", ressalta o assessor de imprensa Bruno Morais. "Com o fim da quarentena, não acredito que volte correndo pra nada. Tenho me descoberto mais sereno, espiritualizado e adaptável do que imaginava, e isso é ótimo", afirma.
Brunna Condini, 42 anos
A jornalista Brunna Condini (ao centro, na foto) sente mesmo é falta de abraçar as pessoas. "Sou muito afetiva, sempre estou com meus amigos, minha família". Fã de receber gente em casa para tomar um vinho, cerveja ou bater-papo, Brunna quer retomar essa troca. "Depois da quarentena, acho que vou ter que fazer rodízio de pessoas aqui em casa", diz.