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Porteiro era outro

Funcionário que depôs não é o mesmo de áudio

Condomínio Vivendas da Barra, onde família Bolsonaro tem casa
Condomínio Vivendas da Barra, onde família Bolsonaro tem casa -

Em mais um capítulo da investigação sobre os responsáveis pela morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, investigações da Polícia Civil do Rio mostram que o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, que disse em depoimento ter entrado em contato com "seu Jair" ao interfonar para a casa 58 — que pertence à família Bolsonaro — não seria o mesmo que teria falado com o PM reformado Ronnie Lessa, morador da casa 65, em áudio divulgado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente. As informações são do site do jornal O Globo.

O porteiro que prestou depoimento em outubro e afirmou ter entrado em contato com o então deputado para permitir a entrada de Élcio Queiroz está de férias. Queiroz seria o motorista do carro usado no assassinato de Marielle e de Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Ronnie Lessa é acusado de ter feito os disparos. Os dois foram presos em março deste ano.

O então deputado federal Jair Bolsonaro morou na casa 58 do condomínio até o dia 31 de dezembro, véspera de sua posse como presidente. O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, ainda mora no condomínio e afirmou ter tido acesso aos áudios da portaria, que foi divulgado por ele como prova de que o porteiro havia mentido em depoimento à polícia.

Bolsonaro pegou áudios antes que pudessem ser "adulterados"

No último sábado, dia 2, o presidente Jair Bolsonaro disse ter pego as gravações das ligações da portaria do condomínio Vivendas da Barra antes que pudessem ser adulteradas. "Nós pegamos antes que fosse adulterado, pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica, que é guardada há mais de ano. A voz não é minha", afirmou, em entrevista.
Após a declaração, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) informaram que pretendiam acionar a Procuradoria-Geral da República contra o presidente. Segundo os líderes da oposição, ele cometeu "obstrução de Justiça" ao "ter se apropriado de provas relacionadas às investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes".