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Festa nas favelas: comunidades do Rio vivem clima de Copa do Mundo com fase do Flamengo

Num 2019 violento nas favelas, jogos do Rubro-Negro viram momentos de alívio e confraternização

Fla Manguinhos
Fla Manguinhos -
Ruas e vielas estão vazias no domingo à tarde. Os bares ficam lotados, já que até os secadores param em frente à televisão. O clima tem sido de Copa do Mundo quando o Flamengo entra em campo, e não será diferente hoje, contra o Corinthians, às 16h, no Maracanã. Num 2019 particularmente violento e sofrido para as favelas cariocas, a fase do Rubro-Negro é um sopro de felicidade e um motivo para comemorar. 
O Flamengo desta temporada colore as favelas com camisas, bonés, bandeiras. Está na língua - o 'vapo', do Gerson, virou gíria -, nos cabelos descoloridos da molecada, à la Gabigol ou cacheados como Willian Arão. O time empolga e reverbera. A 'Flavelas' é um grupo de torcidas rubro-negras das comunidades do Rio. A intenção é fazer das localidades uma extensão do Maracanã. A sede Fla Maré, na Vila do Pinheiro, Complexo da Maré, recebe quase duas mil pessoas em jogos de maior apelo, como os da Libertadores.
"Fica uma festa legal. A gente faz churrasco e tudo. Só não faz em dias com duas mil pessoas, porque não tem como e nem cabe no nosso orçamento. Mas, fica bonito. Todo rubro-negro da comunidade comparece", disse Alexandre, um dos cabeças da torcida, fundada em 2016. "O intuito da torcida é passar um pouco do calor das arquibancadas para as pessoas que não têm condições de ir ao estádio".
Renato Lacerda, rubro-negro da Nova Holanda, também na Maré, está organizando um mutirão com os vizinhos para pintar um dos muros da comunidade com os rostos dos craques do Flamengo, como em Copas dos Mundo. "A Seleção está baixo astral e todo mundo só fala do Flamengo. Nada mais justo eternizar o elenco e o Jorge Jesus. Eles ainda não ganharam título, mas conquistaram nosso carinho", argumenta. O dia da pintura tem data: a semana da final da Libertadores.
Telão de cinema e balde de cerveja
A Cidade de Deus, em Jacarepaguá, também só quer ser feliz com a fase do Flamengo. "Nós temos bandeirão, temos a galera da bateria e fazemos a festa da comunidade. Às vezes vamos ao Maracanã, mas nossa prioridade é a comunidade. Contra o Grêmio (5 a 0), fizemos campanha para arrecadar um quilo de alimento para entregar aos moradores da localidade do Karatê, onde recentemente o caveirão derrubou alguns barracos".
Maré, Jacarepaguá ou Jacaré, o jogo do Rubro-Negro tem sido hora de lazer e confraternização. Confraternização com cerveja gelada, claro. "A galera do Fla Jaca coloca som, bandeiras, fazem sorteios para juntar mais a comunidade, colocam até retroprojetor. Fica aquele telão de cinema", conta Léo Velloso, que mora em Ramos, mas faz questão de dar um pulo no Jacaré em dia do Flamengo em campo. "Sem contar na cerveja gelada. Balde com cinco latões por R$ 25, um luxo".
Fla Jaca REPRODUÇÃO do INSTAGRAM
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