Com a batida do funk e rajadas de tiros ao fundo, a letra da música fala: "Igual à máfia italiana, a nossa fama se espalhou. É Tudo 5, morador". Outra diz: "Faz o C, faz o L. Nós somos a tropa do CL". Esses são os chamados proibidões da milícia, que, assim como o tráfico, faz uso da música para homenagear os líderes das facções criminosas, ameaçar inimigos e mostrar poderio bélico.
Em oposição ao Comando Vermelho (CV), que tem como slogan o "Tudo 2", a milícia comandada por Wellington Oliveira, o Ecko ou 220, se apelida de "Tudo 5". Já CL é em referência a Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, morto em 2017.
Os funks são tocados em bailes nas áreas dominadas pela milícia CL e pelos traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), como no baile da Romênia, na Vila Aliança, na Zona Oeste. A união já é conhecida da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). "Cada vez mais a milícia se iguala ao tráfico. Em Madureira, a ligação é tão forte com o TCP que eles se intitulam União 5.3 ou TClícia, fusão de TCP com milícia. Em outras áreas, a maioria dos soldados da milícia é oriundo do tráfico de drogas, principalmente de Santa Cruz", diz o delegado William Pena, titular da especializada.
As músicas também falam sobre a disputa territorial — tanto das áreas já invadidas, quanto das que pretendem controlar, como a Cidade de Deus, reduto do Comando Vermelho — e motivam integrantes, falando sobre a resistência à prisão de Três Pontes, morto em confronto.