As mesas lotadas e o vaivém acelerado dos garçons, equilibrando bandejas cheias de copos, garrafas e petiscos, não fazem mais parte da realidade da maioria dos bares e restaurantes da Lapa, no Centro. Na Avenida Mem de Sá, principal artéria da boemia local, o garçom André Souza, 32 anos, circula entre as mesas vazias do Bar Brazooca. Desde 2017, ele vê a equipe encolher devido à queda no movimento.
Segundo o Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio), houve redução de 600 postos de trabalho no Centro, incluindo a Lapa. Além disso, pontos tradicionais, como o Odisseia e o Lapa 40°, encerraram as atividades.
Clientes, funcionários e empresários atribuem a má fase à insegurança, crise econômica e descaso do poder público. "Temos ruas mal iluminadas e não há fiscalização do comércio ilegal, que fica na nossa porta", comenta Adalberto Rangel, sócio-gerente do Brazooca, que em dois anos viu o movimento na casa cair 50%.
Para Leo Feijó, ex-dono do Teatro Odisseia, a concorrência dos ambulantes e depósitos ilegais é desleal. "Eles compram e vendem mais barato. No caso dos depósitos, até com valor de revenda. As margens são mínimas. São preços impraticáveis para nós", explica. Fundado em 2004, o Odisseia tinha programação até agosto, mas antecipou a despedida para este mês. O Lapa 40º, outro palco de grandes shows, fechou em julho.