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Uma dor que não tem tamanho

Manifestação contra morte de garçom será hoje

A esposa de Francisco Laércio de Lima, Ana Arlete Farias, de 25 anos, ao lado de Gilson Lima (camiseta cinza), primo da vítima e dono do bar Tico Mia, onde Francisco trabalhava
A esposa de Francisco Laércio de Lima, Ana Arlete Farias, de 25 anos, ao lado de Gilson Lima (camiseta cinza), primo da vítima e dono do bar Tico Mia, onde Francisco trabalhava -

Os policiais militares envolvidos na operação que resultou na morte do garçom Francisco Laércio de Lima, de 26 anos, na comunidade Barreira do Vasco, em São Cristóvão, foram presos na noite de sábado. De acordo com a Polícia Militar, eles foram autuados pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) por desobediência de ordem e descumprimento de missão, ambos crimes militares.

Uma manifestação está prevista para hoje, às 8h, no local onde o garçom foi morto. Ontem, Ana Arlete, viúva de Laércio, acompanhada por colegas de trabalho e parentes do morto, esteve em uma funerária no Centro para finalizar os trâmites para o translado do corpo. "Quando escutei o barulho do portão, pensei que era meu marido chegando do trabalho. Fui surpreendida pela minha mãe dizendo que ele estava morto", disse Arlete.

Responsável pelo bar e primo da vítima, o comerciante Gilson Marques descreve o tamanho de sua dor. "Nós fomos criados juntos e agora vou mandar o corpo dele para nossa família dentro de um caixão. Isso é revoltante". O corpo Laércio será sepultado amanhã, em Iboporanga, cidade natal dele, no Ceará.

Segundo a PM, a prisão dos policiais não tem como base a morte do morador. Os agentes foram presos pela "quebra dos protocolos estabelecidos pela corporação", de acordo com nota da PM, e levados para a Unidade Prisional da corporação. A investigação está a cargo da Delegacia de Homicídios (DH) da Polícia Civil e, em paralelo, um Inquérito Policial Militar (IPM) seguirá os trâmites internos da corporação.

PM diz que havia tiroteio

De acordo com a Polícia Militar, equipes do Grupamento Tático de Polícia de Proximidade realizavam patrulhamento, quando foram alvo de disparos e houve confronto. Na ação, o Francisco Laércio foi atingido e morreu.

Moradores da comunidade, porém, afirmam que os policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) entraram no beco, mandaram as pessoas saírem e começaram a atirar. Francisco foi atingido na cabeça.