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Falta tudo no HCPM

Familiares de pacientes denunciam precariedade do Hospital Central da Polícia Militar

Hospital Central da Polícia Militar: agentes contribuem durante o serviço ativo na corporação e há denúncia de que sofrem com problemas na internação e tratamentos
Hospital Central da Polícia Militar: agentes contribuem durante o serviço ativo na corporação e há denúncia de que sofrem com problemas na internação e tratamentos -

Familiares de pacientes do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, denunciam casos de maus-tratos por parte dos funcionários e as condições precárias da unidade. Segundo a denúncia, faltam desde materiais básicos, como algodão, luvas, álcool e fraldas geriátricas, até insumos para quimioterapia.

A filha de uma paciente relata que, mesmo com leitos vazios, pacientes aguardam dias na sala de medicação. Segundo ela, os quartos ficariam "reservados" para dependentes de PMs de patentes mais altas. "Sabemos que tem quarto vago, mas as pessoas ficam dias esperando", contou.

A denunciante também relata que faltam oncologistas, psiquiatras e neurologistas. Nos fins de semana, cerca de quatro enfermeiros ficam responsáveis por, em média, 35 pacientes, e não há visita médica. A maioria dos atendimentos é realizada por residentes que, segundo a denúncia, destratam pacientes e acompanhantes. As queixas feitas à diretoria não dão resultado. "A gente vai cansando porque não sabe mais para quem pedir ajuda. Quem está ali já pagou para, quando precisasse, ser tratado dignamente", lamentou a filha de um paciente.

A unidade ainda sofre com a falta de segurança. No dia 11 de outubro, a reportagem entrou no HCPM sem precisar se identificar e, em momento algum foi incomodada, acessando inclusive, várias alas da unidade. "Qualquer um entra e sai a hora que quer. Aqui é um hospital onde ficam internados PMs e parentes de PMs. Se um bandido quiser entrar aqui para fazer uma maldade, vai entrar com facilidade, porque não tem controle", afirmou um paciente.

Witzel anuncia melhorias

No último dia 15, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), anunciou o projeto de construção da nova emergência e setor administrativo do Hospital Central da Polícia Militar, orçado em R$30 milhões. Os recursos utilizados na construção virão do Fundo de Saúde da Polícia Militar e a previsão é aumentar em 70% os leitos de emergência, onde atualmente funciona o ambulatório. Também para melhorar a infraestrutura do HCPM, Secretaria Estadual de Saúde doou 176 itens hospitalares no valor de R$1,2 milhão.
Witzel anunciou ainda um processo seletivo com 44 vagas para médicos e 24 para auxiliares de enfermagem. Apesar do HCPM, o Hospital da Polícia Militar de Niterói e as policlínicas de São João de Meriti, Cascadura, Olaria e Campos dos Goytacazes sofrerem com um déficit de 400 profissionais, não há concurso há dez anos. Por conta do Regime de Recuperação Fiscal, só é permitido concurso para recomposição de quadros funcionais. 
 

 

Major cardiologista do HCPM preso por propina

Em março do ano passado, o major da Polícia Militar e cardiologista do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), João Alexandre Assad, foi preso por cobrar propina de empresários para direcionar contratos de fornecimento de stents para o hospital. A denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) apontou que o major cobrou R$2 mil por cada um dos stents farmacológicos e convencionais fornecidos pela empresa Vide Bula em 2013 e 2014, por meio de licitação e adesão a ata de registro de preços, como troca pelo laudo assinado por ele de que o produto da empresa era superior aos concorrentes. 
Assad foi denunciado duas vezes por corrupção passiva e a Vide Bula também já era investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) por participar de um esquema de fraudes em contratos do Fundo de Saúde da Polícia Militar (Fuspom) para fornecimento de insumos hospitalares sem a realização de procedimentos licitatórios adequados. Entre os anos de 2015 e 2017, o MPRJ denunciou à Justiça e à Auditoria de Justiça Militar, uma organização criminosa instalada no Estado Maior da PM e nas unidades médico-hospitalares da corporação para fraudar licitações, contando com a participação oficiais.