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Witzel tira o corpo fora

Governador culpa "pseudodefensores dos direitos humanos"

O governador Wilson Witzel ameaçou investigar se as 1500 cartas da Maré entregues à Justiça, como as que têm os dois desenhos acima, foram feitas por traficantes ou por crianças
O governador Wilson Witzel ameaçou investigar se as 1500 cartas da Maré entregues à Justiça, como as que têm os dois desenhos acima, foram feitas por traficantes ou por crianças -

Na semana em que o Rio de Janeiro chorou com as famílias de quatro jovens inocentes, mortos em operações policiais, o governador Wilson Witzel carregou sua 'metralhadora' e disparou seu 'arsenal bélico'. Sobraram 'balas perdidas' contra as cartas das crianças da Maré. Com olhar raivoso, o mandatário do estado escolheu seu alvo para 'atirar' toda a culpa pelas mortes em série de inocentes: os defensores dos Direitos Humanos.

Witzel só se esqueceu de atribuir a si mesmo boa parcela de responsabilidade. Como ex-juiz federal, parece ter ignorado a Constituição, que diz no artigo 144 ser dever do Estado dar segurança à população.

Após lançamento da operação Segurança Presente, em Nova Iguaçu, Witzel disparou: "Esses pseudodefensores de direitos humanos não querem que a polícia mate quem está de fuzil. Porque se não mata quem está de fuzil, quem morre são os inocentes. Os cadáveres desses jovens não estão no meu colo, estão no colo de vocês, que não deixam os policiais fazerem o trabalho que tem que ser feito", acusou o governador.

As declarações motivaram reações indignadas de lideranças comunitárias e internautas. "Questionar a verossimilidade dessas cartas é questionar se as pessoas que moram na favela têm direito a segurança pública", disse Eliana Silva, diretora ONG da Redes da Maré.

O governador também duvidou da autenticidade das 1.500 cartas escritas por crianças sobre a rotina de violência nas favelas. "Eu vou investigar se os desenhos foram realmente feitos por crianças ou por traficantes da região. Tive expressiva votação em comunidades que não querem mais conviver com o tráfico", alegou.

Para Eliana Silva, "transferir essa responsabilidade para as organizações de Direitos Humanos, que lutam pela vida, é algo muito leviano": "Não podemos aceitar essa quantidade de violência. Quem está morrendo?".

O governador Wilson Witzel ameaçou investigar se as 1500 cartas da Maré entregues à Justiça, como as que têm os dois desenhos acima, foram feitas por traficantes ou por crianças Alziro Xavier/ Divulgação PMNI
Lucas Esteves, de 18 anos, irmão de Lavínia, leva o caixão da bebê Cléber Mendes
Lavínia, de apenas um ano e três meses, foi sepultada, no final da manhã desta sexta-feira, Cemitério Nossa Senhora de Fátima, na Taquara, em Caxias Cléber Mendes/ Agência O DIA
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Lavínia, de apenas um ano e três meses, foi sepultada, no final da manhã desta sexta-feira, Cemitério Nossa Senhora de Fátima, na Taquara, em Caxias Cléber Mendes
Lavínia, de apenas um ano e três meses, foi sepultada, no final da manhã desta sexta-feira, no Cemitério Nossa Senhora de Fátima, na Taquara, em Caxias. Na foto, o tio da menina Daniel Santos Cléber Mendes/ Agência O DIA
Lavínia era caçula de três irmãos. Além de Lucas, de 18 anos, ela também tinha uma irmã de oito anos Cléber Mendes/ Agência O DIA
Lavínia, de apenas um ano e três meses, foi sepultada, no final da manhã desta sexta-feira, Cemitério Nossa Senhora de Fátima, na Taquara, em Caxias Cléber Mendes/ Aência O DIA
Lavínia, de apenas um ano e três meses, foi sepultada, no final da manhã desta sexta-feira, Cemitério Nossa Senhora de Fátima, na Taquara, em Caxias Cléber Mendes/ Agência O DIA