O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), falou em jogar míssil contra traficantes da Cidade de Deus, na Zona Oeste, que foi palco de uma grande operação policial, na quarta-feira. Durante a ação, mais de 30 bandidos fortemente armados foram flagrados correndo pelas ruas da comunidade e trocando tiros com os policiais.
"A nossa polícia não quer matar, mas nós não queremos ver cenas como aquelas que nós vimos, na Cidade de Deus. Que se fosse com autorização da ONU em outros lugares do mundo, nós tínhamos autorização para mandar um míssil naquele local e explodir aquelas pessoas", declarou o governador, durante uma solenidade, em Nova Iguaçu, de anúncio da expansão do Programa Segurança Presente para a Baixada Fluminense, ontem.
A declaração de Witzel provocou polêmica. Em nota, a deputada Renata Souza (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, criticou o governador. "É preciso lembrar ao ex-juiz que, por lei, não temos pena de morte no Brasil, e ainda que tivéssemos, todos teriam direito a julgamento prévio. Precisamos lembrá-lo que estamos em um Estado Democrático de Direito e não de barbárie. Segurança pública se faz com estratégia, prevenção e inteligência, não com mísseis e execuções sumárias. A declaração do governador revela uma mentalidade autoritária e violenta que expressa, no fundo, o seu preconceito e total desprezo com a vida dos pobres que moram nas favelas do Rio de Janeiro", diz a nota.
A ONG Redes da Maré também se manifestou. "Diante dos últimos dias de operações policiais na Maré e na Cidade de Deus, onde houve inúmeros relatos de violação por parte dos agentes do Estado, o pronunciamento do Governador Wilson Witzel soa como uma carta branca para os policiais que costumam atuar ao arrepio da lei em Favelas no Rio de Janeiro", publicou a entidade.