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Governo quer congelar reajuste de aposentadoria

Equipe econômica de Bolsonaro avalia desvincular os benefícios

INSS manteve reabertura de postos mesmo sem médicos peritos. Resultado: fila nas calçadas e muita gente sem atendimento. Presidente do INSS pede desculpas
INSS manteve reabertura de postos mesmo sem médicos peritos. Resultado: fila nas calçadas e muita gente sem atendimento. Presidente do INSS pede desculpas -

O governo Bolsonaro, para aprovar o programa Renda Brasil, que vai substituir o Bolsa Família e incluir mais 7 milhões de pessoas no projeto assistencial, quer congelar os reajustes de aposentados e pensionistas do INSS por dois anos. E como funcionaria essa "matemática" da equipe econômica do ministro Paulo Guedes? Segundo o secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, isso se daria com a desvinculação de benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, da correção do mínimo.

"A desindexação que apoiamos diretamente é a dos benefícios previdenciários para quem ganha um salário mínimo e acima de um salário mínimo, não havendo uma regra simples e direta (de correção). O benefício hoje sendo de R$ 1.300, por exemplo, no ano que vem, ao invés de ser corrigido pelo INPC, seria mantido em R$ 1.300. Não haveria redução, haveria manutenção", disse Rodrigues.

Mas no que depender do presidente do Sindicato Nacional de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), João Batista Inocentini, a proposta não passará. "Já perdemos o ganho real do mínimo, agora querem congelar o aumento? Não vão mesmo."

"O impacto do congelamento dos benefícios não vai afetar só o bolso do aposentado. Vai refletir diretamente em 80% dos municípios brasileiros, que veem na renda do aposentado a principal forma de sobrevivência", alerta ele. 

Caso a proposta seja aprovada, as aposentadorias seriam congeladas no valor atual. Hoje 70% dos beneficiários do INSS recebem o piso, que está em R$ 1.045. Atualmente, os valores de aposentadorias e pensões são reajustados de acordo com o salário mínimo.

Segundo Rodrigues, a ideia ainda está sendo debatida com a Casa Civil e a Cidadania. Na sexta-feira, ao anunciar a reabertura dos postos, em coletiva via YouTube, o presidente do INSS, Leonardo Rolim, orientou os segurados a reagendarem o atendimento.

Aglomeração nas agências fechadas e suspensão de pagamentos

A reabertura de postos do INSS sem perícia médica provocou aglomeração e deixou os segurados sem saber o que fazer diante dos portões fechados. Natalícia Correia dos Santos, de 86 anos, moradora de Duque de Caxias, era uma das pessoas pegas de surpresa e deu de cara na porta. Ou melhor, de cara com um cadeado trancando o portão de acesso à agência da Praça da Bandeira.

"Meu marido faleceu em junho deste ano, fiz o comunicado e pedi a pensão por morte. Mas, ao invés de pagar a pensão, suspenderam minha aposentadoria. Para o INSS também estou morta", lamentou a aposentada.

"Consegui fazer o agendamento na última sexta-feira e minha mãe estava marcada para hoje (ontem) às 11h20, mas não fomos atendidos", diz o filho da aposentada, Paulo César Correia, de 58.

Para ter o benefício restabelecido, Natalícia não precisa passar por perícia médica, mas sim pelo atendimento. Procurado, o INSS informou que está apurando o caso.

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