O inquérito que investiga o assassinato do pastor Anderson do Carmo localizou troca de mensagens em que a pastora e deputada federal Flordelis sugere que o assassinato do marido seria a única saída. Segundo o promotor Sergio Lopes Pereira, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Flordelis teria convencido o filho André, dizendo: "Fazer o quê? Separar dele não posso, porque senão ia escandalizar o nome de Deus". Flordelis disse ainda: "Até quando vamos ter que suportar esse traste?", nas mensagens. "Ou seja, nessa lógica torta, o assassinato escandalizaria menos", explicou.
Para o promotor, a imagem de família religiosa seria para conseguir proteção. "O grupo que se formou vendeu a imagem de um casal perfeito, de uma família caridosa, que criou 55 filhos, quando na verdade os autos mostram que isso foi um golpe, um meio de se conseguir proteção", disse.
Segundo o titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), Allan Duarte, a imagem de família unida era uma fachada. "Não se tratava de uma simples família, mas de uma organização criminosa intrafamiliar", afirmou. "O inquérito traz a desconstrução dessa imagem de decência, de pessoa caridosa. Ela vendia esse enredo para conseguir chegar à Câmara dos Deputados, e depois tratar essa pessoa (Anderson) como objeto descartável".
Haveria ainda um racha entre os filhos biológicos, que teriam privilégios, e os adotivos, que não recebiam o mesmo tratamento dentro de casa.
"Ela, além de arquitetar todo esse plano criminoso, financiou a compra da arma, convenceu pessoas a praticar esse crime, avisou sobre a chegada da vítima ao local, ocultou provas", destacou. "Pra gente fica muito claro, não resta a menor dúvida, de que ela foi a autora intelectual, a grande cabeça desse crime", analisa.