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Medo na volta à cozinha

Merendeiras temem exposição à Covid-19 com reabertura de refeitórios de escolas

Hérnia de disco, artrose e problemas na coluna já são dificuldades presentes no cotidiano das merendeiras da rede municipal do Rio. Agora, elas também temem a contaminação por Covid-19. A Justiça do Rio suspendeu, no sábado, a pedido da Procuradoria Geral do Município (PGM), liminar que proibia a reabertura de refeitórios nos colégios municipais, em vigor desde 16 de março. Para as merendeiras da rede, entretanto, a possibilidade de retorno assusta pela falta de estrutura.

"Dentro da cozinha, não tem como ter distanciamento e, geralmente, são apertadas e sem ventilação. Quando está tudo aceso, algumas cozinhas têm sensação térmica de 60 graus. Em todas as CREs (Coordenadorias Regionais de Educação), tem muitas escolas com banheiros sem chuveiro e, normalmente, compartilhamos com as meninas da limpeza e até com entregadores de merenda", afirma uma merendeira da 2ª CRE (Lagoa).

A volta às cozinhas, de fato, pode ser inviável. Para seguir as 'regras de ouro' estabelecidas pela prefeitura, a Coordenadora da Regional 3 do Sindicado Estadual de Profissionais da Educação (Sepe), Cristiane Rodrigues, aponta que, mesmo com menos alunos, as merendeiras trabalhariam em dobro, com aumento dos turnos de refeições e redução de equipes devido a profissionais que têm comorbidades.

Apesar da Justiça determinar que refeitórios abram apenas na Fase 5, o Sepe deve recorrer por acreditar que "qualquer retorno nesse momento é precipitado". A Secretaria Municipal de Educação (SME) afirma que ainda não há data para o retorno das merendeiras e que a retomada seria para garantir uma alimentação mais completa às crianças.

comorbidades

Apesar disso, cerca de 80% das merendeiras concursadas, ou seja, aproximadamente 1.600 pessoas, integram o grupo de risco ou tem alguma comorbidade, segundo Cristiane SOBRENOME, diretora do Sepe. "É muito difícil encontrar uma merendeira que esteja realmente bem. No mínimo do mínimo, ela tem pressão alta", comenta. Dentre as batalhas mais comuns, estão problemas de coluna, síndrome de túnel do carpo e tendinite.