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Absurdos da pandemia

Homem vai a hospital em junho, morre em julho e família diz que não foi avisada

Tainara estava sem informações sobre o pai desde o dia 1º de julho
Tainara estava sem informações sobre o pai desde o dia 1º de julho -

Sem familiares, sem lágrimas e sem adeus. Assim foi a despedida de Paulo César dos Santos, de 53 anos, feita sem o consentimento da família, que só descobriu, anteontem, a morte dele, 50 dias após o óbito no Hospital Salgado Filho, no Méier.

"Não dá para acreditar. Ele veio para cá mal, mas não esperávamos por isso. Como que alguém enterra uma pessoa sem avisar aos parentes? Estamos devastados. Tudo que a gente queria era se despedir", lamentou a filha, Tainara, que descobriu a morte e o enterro do pai após levar um dos cinco irmãos para ser atendido na unidade.

Paulo morreu em 1º de julho, sete dias após dar entrada na unidade municipal, e foi enterrado, em 5 de agosto, no Cemitério de Irajá. Segundo Tainara, o pai deu entrada na emergência em 25 de junho, com quadro de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Desde então, ela só conseguia informações via WhatsApp, já que também havia suspeita de Covid-19.

A filha contou que a família chegou a procurar o hospital depois do dia 1º, quando ainda acreditava que Paulo César estava vivo, mas não conseguiu resposta. Antes, Tainara teria recebido pelo celular do marido boletins com o estado de saúde do pai.

A direção do Hospital Municipal Salgado Filho informou que enviou um boletim com a atualização do estado de saúde dele no dia 30 de junho. Após a data, a unidade teria procurado a família por telefone, mas sem sucesso. Conforme protocolo, foi enviado telegrama notificando sobre a morte.

Para a família, houve falha do hospital na comunicação. "É impossível que eles tenham ido lá em casa e que ninguém estivesse em quatro dias", disse a viúva de Paulo César, Janaina Souza.

Prefeitura apura o caso

Carla Cantisano, diretora do Hospital Salgado Filho, garantiu que a unidade de saúde seguiu o protocolo nas ações que foram tomadas após a morte de Paulo César dos Santos. Segundo ela, o corpo teria ficado mais de um mês em processo de liberação, que envolve a confirmação da identidade e o enterro. Para a diretora, não houve erro, mas sim uma "deficiência de informação no cadastro". "Nós fizemos o registro como manda a lei, dentro do prazo, quando encerrou esse prazo, fizemos o enterro", explicou a diretora.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que determinou abertura de sindicância para apurar o que aconteceu com no caso do paciente.

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