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Temor de 2ª onda

Números no Rio caem, mas previsão é de 1 mil mortes por dia no país, por 1 mês e meio

Ontem, a vida até parecia uma festa em Copacabana. Sem medo da covid-19, cariocas lotaram areia e orla e, muitos, sem máscaras. Aglomeração não é recomendada
Ontem, a vida até parecia uma festa em Copacabana. Sem medo da covid-19, cariocas lotaram areia e orla e, muitos, sem máscaras. Aglomeração não é recomendada -

O Ministério da Saúde informa: no Brasil, 101.049 mortes; no Estado do Rio, 14.080. Números inquestionáveis daqueles que perderam a vida por conta da pandemia e que preocupam especialistas, que temem uma segunda onda de casos. E mesmo com o alto número de infecções, as pessoas continuam se aglomerando em praias e bares.

Após cinco meses do início da pandemia no Brasil, pelo menos 12 estados começam a apresentar queda no número de novos casos. Na Região Sudeste, os destaques são Rio (178.850) e Espírito Santo (91.791), onde a taxa de contágio vem diminuindo. Por outro lado, Minas Gerais voltou a ligar o sinal de alerta, após aumento de infectados para 153.927. São Paulo, que tem o maior número de infectados (627.126), mantém-se estável. Outros dez estados também já sentem uma redução nos registros: Amapá, Pará, Roraima, Rondônia, Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí e Sergipe.

A situação começou a piorar na Região Sul no último final de semana. Não por acaso, o governo do Rio Grande do Sul, que tem 83 mil casos, colocou bandeira vermelha em 12 regiões por conta dos altos índices de contaminação. A capital, Porto Alegre, é considerada uma das cidades que apresentaram piora e já é vista como um dos epicentros. O mesmo acontece em Santa Catarina (105 mil), que, inclusive, chegou a comemorar a redução de casos com a flexibilização do isolamento social. Já no Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul é o que apresenta um indício de aumento (31.344 casos).

Jair Bolsonaro: total falta de apreço à vida

O presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, fez declarações infelizes. Ontem, após um dia sem referências diretas às 100 mil mortes, como de costume ele pareceu não se importar com as mortes pela Covid-19.

"Lamentamos cada morte, seja qual for sua causa, como a dos três bravos policiais militares executados em São Paulo", afirmou, se referindo a um sargento e dois soldados mortos durante troca de tiros no Butantã.

Não satisfeito, ele criticou o isolamento, compartilhando artigo do jornal Daily Mail. "Conclui-se que o lockdown matou duas pessoas para cada três de Covid no Reino Unido. No Brasil, mesmo sem dados oficiais, os números não seriam muito diferentes".

Com a falta de investimentos do governo federal, uma pequena parcela da população foi testada. E o número citado no artigo compreende o período de 23 de março a 1º de maio, e faz relação às mortes por causas diversas após vítimas não irem ao hospital.

Missa no Corcovado

A missa do Dia dos Pais, celebrada ontem pelo arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, aos pés do Cristo Redentor, no Corcovado, homenageou os mais de 100 mil mortos. O número de pessoas contaminadas passou de 3 milhões. Na abertura do evento, que não teve a participação de fiéis, mas foi transmitido ao vivo pelo canal no YouTube da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Orani lembrou as vítimas do novo coronavírus e a responsabilidade que cabe a cada um com relação à pandemia, mas não citou o governo.

Especialistas comentam

Para Lígia Bahia, especialista em saúde pública e professora da Universidade Federal do Rio (UFRJ), o Estado do Rio ainda vive situação complicada. "É muito ruim, pois há a possibilidade dessa segunda onda em função dessa reabertura apressada e da pressão também para reabertura das escolas. Estagnamos ainda em um número alto. Vamos ainda caminhar por mais tempo com números diários elevados". Já o infectologista Alberto Chebabo, diretor da Divisão Médica do Hospital Universitário da UFRJ, prefere não falar em segunda onda. "Ainda é impacto dessa primeira onda, da reabertura das atividades que foi feita desorganizada e dos óbitos que são divulgados tardiamente", disse.

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