Mais Lidas

A tristeza não tem fim

País ultrapassa a triste marca dos 100 mil mortos

ONG Rio de Paz fez ato em memoria dos 100 mil brasileiros mortos vítimas da Covid-19, em Copacabana
ONG Rio de Paz fez ato em memoria dos 100 mil brasileiros mortos vítimas da Covid-19, em Copacabana -
O Brasil ultrapassou ontem a triste marca das 100 mil mortes por covid-19. É o segundo colocado no ranking dos países que tiveram o maior número de óbitos pelo novo coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos — já contabilizamos quase três milhões de casos confirmados da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, são xxxxx vítimas fatais e xxxxxx pessoas infectadas. E cerca de 15% dos mortos se concentram no Estado do Rio.
Não à toa, um protesto foi realizado ontem pela ONG Rio de Paz, que atraiu as atenções de quem passava pelas areias da Praia de Copacabana, na Zona Sul. O ato, que fincou cruzes pretas ornamentadas com balões vermelhos, lembrou as vítimas no Estado do Rio e cobrou respostas do poder público.
Um cartaz de quatro metros, esticado próximo ao calçadão, trazia o número emblemático de 100 mil vidas e questionava o motivo de ostentarmos a segunda posição no número de mortes. Coordenador da ONG, Antônio Carlos Costa, foi sucinto. "Dar uma resposta racional, isenta e honesta é algo que depende das transformações pelas quais o Brasil precisa passar, a fim de vivermos um país na qual a vida humana seja respeitada", disse.
O protesto teve início às 6h e seguiu até às 11h, quando os mil balões foram soltos no ar. Parentes que perderam filhos, pais, mães e amigos para a covid-19 também participaram do ato. E, enquanto as vítimas eram homenageadas, muitos banhistas pareciam não se importar e insistiam em permanecer nas areias da praia, o que continua proibido pelo decreto da prefeitura.
O ato aconteceu um dia após o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez fazer pronunciamento fora da realidade. Ele gerou polêmica ao sugerir que o brasileiro "tocasse a vida", mesmo diante do alto índice de mortes. A fala presidencial fez o ex-ministro Sérgio Moro se manifestar nas redes sociais. "Não podemos nos conformar, nem apenas dizer #CemMilEdaí. São mais de 100 mil mortos; 100 mil famílias que perderam entes para a covid-19. Que a ciência nos aponte caminhos e que a fé nos dê esperança", publicou no Twitter.

Enfermeiro terá dia de abraços após isolamento

Após três meses vivendo no quarto de hóspedes, devido ao medo de transmitir o novo coronavírus para os filhos, o abraço de Dia dos Pais será ainda mais especial para o enfermeiro Gilson Hanszman, de 51 anos. Morador de Campo Grande, o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros é um dos super-heróis que abriu mão temporariamente da família para atuar na linha de frente contra a Covid-19. Pai de quatro, o profissional de saúde se diz "esperançoso por um mundo melhor, onde o amor seja a base."

Hoje, quando Letícia (19 anos), Larissa (17), Lucas (9) e Valentina (4) acordarem, Gilson já estará a postos para receber seu maior presente. Afinal, foram quase 90 dias sem aquele contato mais caloroso. A saudade do irmão mais velho, ao qual o enfermeiro tem como figura paterna, também terá fim. "Vai ser um dia muito especial. Vou curtir meus filhos e reencontrar meu irmão. Espero que isso faça bem para nosso psicológico. Estamos precisando desse momento."

Um almoço solidário

O Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) também vai prestar homenagem ao Dia dos Pais. Hoje, de 11h às 14h, a instituição vai oferecer refeições aos pais em situação de rua, no Largo da Carioca. Segundo, a Sefras, serão distribuídas 300 quentinhas. Haverá uma mesa solidária com todos os envolvidos. Ainda conforme a instituição, serão seguidas todas as normas de segurança sanitária para evitar a contaminação. Também serão distribuídas máscaras de proteção antes da refeição, além de bebidas (água ou suco) e sobremesa. A ação contará com 120 voluntários que fazem parte da ação diária do Sefras no Rio, coordenada pelos freis franciscanos.

Homenagem pelo telefone

Criado no início da pandemia, o Projeto Histórias por Telefone, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Sececrj), também decidiu fazer homenagens. Para tanto, foram selecionados alguns pais no cadastro de ouvintes do projeto, que receberão hoje poesias por telefone. "Eles se sentirão muito felizes, lembrados, já que muitos são idosos", disse o superintendente Pedro Gerolimich.

Segundo ele, boa parte do público idoso se mostra preocupada porque muitos serviços estão abrindo de uma forma que considera "atabalhoada e perigosa". A terceira idade, no entanto, permanece em casa e se sente sozinha.

Comentários