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Esquema de furto de combustível em Caxias lucrava até R$1,5 milhão por mês

Polícia investiga se vereador Alex Rosa (PSL) é chefe de organização criminosa. Em 2008, parlamentar chegou a ser preso por receptação e furto de combustível

Policiais cumpriram mandados em endereços ligados a Alex Rosa
Policiais cumpriram mandados em endereços ligados a Alex Rosa -

Um esquema milionário de furto fracionado de combustível rende a uma organização criminosa de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, cerca de R$1,5 milhão por mês. A Polícia Civil investiga se o vereador e ex-policial militar Alex Rosa (PSL) é chefe da quadrilha. Ontem, a Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD) deflagrou a operação Pit Stop e cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar, inclusive na Câmara dos Vereadores e em sua residência, que teve o portão arrombado pelos agentes.

Em 2008, o vereador chegou a ser preso, por receptação e furto de combustível, mas foi absolvido das acusações anos depois. De acordo com delegado titular da DDSD, André Leiras, a prática do grupo é conhecida como "baldinho". Motoristas de transporte de combustível que abastecem na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) desviam uma parte do produto, em baldes, para depósitos de abastecimento que ficam próximos às distribuidoras, para não haver desvio de rota. Segundo o delegado, em uma carreta de 45 mil litros, é roubado, em média, de 100 a 150 litros.

"O combustível é desviado de carretas e os motoristas se dirigem a postos de abastecimento de propriedade do vereador. Ali é fracionado o furto desse combustível, retirando em baldes, pequenas quantidades, de modo que o proprietário não dê falta. A movimentação diária nesses postos de abastecimento é muito intensa, é um furto fracionado que movimenta uma grande quantidade de combustível e consequentemente, muito dinheiro", explicou o delegado, que disse ainda que o combustível era vendido a preço de mercado.

"O caminhoneiro leva o combustível para ser furtado em um valor ínfimo, e no posto é vendido a valor de mercado, de modo que maximiza o lucro dessa organização criminosa, fora a sonegação tributária que ocorre."

As investigações começaram em junho, depois de uma ação em um depósito combustíveis, de Alex Rosa, em Campos Elísios, responsável pela receptação de combustível. A polícia encontrou quatro tanques com capacidade para 15 mil litros cada, lacres de transporte, dois caminhões tanque e veículo de um restaurante do parlamentar. Na ocasião, foram presos em flagrante Marcos Salles de Moraes e o motorista Nirley Oliveira de Souza, por receptação qualificada e furto qualificado, respectivamente.

"Na ocasião da prisão em flagrante, a polícia arrecadou diversos documentos que ligam o vereador diretamente a essa prática criminosa. A segunda etapa da investigação visa analisar esses documentos que foram arrecadados, fazer perícias nos documentos, nos celulares, para buscar a origem desse patrimônio e investigar a evolução patrimonial dessa organização criminosa, que já temos indícios que movimenta milhões de reais por mês", completou o delegado. Até o fechamento, a Câmara dos Vereadores de Caxias não se pronunciou. A reportagem do DIA não conseguiu contato com o vereador.