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Líbano verde e amarelo

Comerciantes libaneses da Saara sentem aflição e dor com as explosões em Beirute

O empresário Kamal Kaladun viu as imagens com tristeza.
O empresário Kamal Kaladun viu as imagens com tristeza. "Considero aqueles que se foram como irmãos" -

Um dia após a explosão que devastou Beirute, capital do Líbano, na última terça-feira, o clima no mercado popular da Saara, no Centro do Rio, era de tristeza. Apesar da distância de mais de dez mil quilômetros, a localidade abriga uma grande colônia de comerciantes libaneses, que herdaram lojas e restaurantes de seus pais e avós.

Proprietário da Brasil Roupas, Kamal Kaladun, de 77 anos, nasceu na região de Nehache, a cerca de 60 quilômetros de Beirute. Ainda impactado pela catástrofe, disse ter segurado as lágrimas ao falar pela primeira vez com a família, ao telefone, sobre o ocorrido.

"Estava trabalhando quando recebi do meu sobrinho um vídeo. Inicialmente, eu achei até que era uma montagem, porque era assustador demais. Liguei logo para a minha família. A nossa aldeia tem mais de três mil pessoas e, mesmo distante, eles escutaram o estrondo", contou Kaladun.

Segundo o comerciante, é naquela região que ele se hospeda quando viaja ao Líbano, pelo menos uma vez ao ano. "É uma região histórica e muito bonita. É lamentável. Mesmo sem nenhum parente atingido, considero aqueles que se foram como meus irmãos libaneses", completou.

Para Rabih Fadel, de 45 anos e dono de uma loja de roupas na Rua da Alfândega, a situação foi ainda mais dramática. Um de seus familiares havia passado pelo local da explosão apenas 30 minutos antes. "Muitos parentes meus trabalham em Beirute e passam por lá. Então, quando vi a notícia, me bateu um desespero. Pareceu cena de filme, me lembrou o que aconteceu em Hiroshima, no Japão (bomba atômica)", lamentou.

Fadel contou que um dos mortos era seu vizinho, quando ele ainda morava no Líbano, há 20 anos. "Sei que ele faleceu, mas as informações ainda estão chegando. Estão todos muito arrasados".

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