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Idosa morre por covid-19 após receber alta supostamente curada

Família acredita que Rosa Neves, 92 anos, tenha sido contaminada durante a primeira internação

Mesmo depois de estar supostamente curada da Covid-19, dona Rosa Neves voltou a ter tosse e febre
Mesmo depois de estar supostamente curada da Covid-19, dona Rosa Neves voltou a ter tosse e febre -

Após receber alta do Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, Zona Norte, supostamente por estar curada da covid-19, Rosa Neves, de 92 anos, morreu, na última segunda-feira, em decorrência da doença. Depois de deixar a unidade de saúde, a idosa retornou, no dia 12 de julho, com tosse e febre, sintomas que tinha tido na primeira internação.

Ela foi transferida para o Hospital Municipal São José, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde também teve diagnóstico positivo para coronavírus. De acordo com a neta de dona Rosa, a jornalista Gabriella Telles, de 25 anos, a avó voltou para casa sem sintomas da enfermidade e eles apareceram cerca de cinco dias depois da alta hospitalar. Ela conta que a avó fez um teste sorológico, com resultado negativo, após sair da unidade de saúde.

"A minha família acredita que ela tenha contraído o vírus no hospital, na primeira internação, porque daria tempo de aparecerem os sintomas da covid-19. Acreditamos que ela tenha tido, anteriormente, uma pneumonia, que também já teve em outros momentos". Além de dona Rosa, o marido, dois filhos e o genro também testaram positivo para a doença. Ainda segundo Gabriella, por causa dos sintomas, a família preferiu levar a idosa novamente para o hospital Evandro Freire no dia 12 de julho. "Na terça-feira (14 de julho), ficamos sem notícias dela o dia inteiro, antes disso eles passavam um boletim simples por WhatsApp. Então, a minha madrinha Eliene (filha da dona Rosa) resolveu ir até o hospital e descobriu que ela tinha sido transferida".

SMS: procedimentos realizados

A médica Roberta França explica que o comportamento da covid-19 ainda é motivo de estudos por especialistas. "Alguns pacientes ficam em estado muito grave, outros pioram posteriormente e também têm aqueles que melhoram e voltam a piorar de novo", explica.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que "a direção do Hospital Municipal Evandro Freire não soube da morte da paciente, internada em Duque de Caxias, mas se solidariza com a família nesse momento de dor. A direção da unidade compreende as dúvidas da família, mas deixa claro que todos os protocolos foram seguidos e não é possível avaliar onde a Dona Rose foi infectada. Cabe lembrar que há mais de três meses foi decretada a transmissão comunitária da covid-19 no Rio - quando é impossível saber a origem do contágio".

Conforme a pasta, dona Rosa deu entrada no Hospital Municipal Evandro Freire no dia 24 de junho, apresentando sintomas compatíveis com covid-19, como comprometimento dos pulmões. Exames realizados, incluindo tomografia, indicavam que ela poderia estar infectada pelo vírus e, diante disso, foi tratada como paciente com suspeita da doença. Ainda segundo a SMS, o tratamento dela seguiu rigorosamente o protocolo do Ministério da Saúde - que determina que todo caso suspeito seja tratado como tal, independente do resultado do exame específico para detectar o vírus.

"A paciente teve alta sete dias depois da internação porque apresentava melhora em seu quadro clínico e já tinha completado 14 dias do início dos sintomas. Durante o tempo em que ficou no Evandro Freire, Dona Rosa esteve internada na enfermaria - local destinado aos pacientes com quadros menos graves", acrescenta a nota.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil de Caxias, disse que a paciente deu entrada no dia 13 julho, no Hospital Municipal São José, "exclusivo para pacientes com covid-19, através do Serviço Estadual de Regulação - SER. Nesses casos, as informações passadas pelo sistema de regulação são consistentes para covid-19, e assim foi para o caso da paciente em
questão".

"Quando pacientes regulados de covid-19 chegam ao Hospital Municipal São José, passam por avaliação médica e são examinados novamente. Na unidade foi realizada uma tomografia que foi indicativa de diagnóstico compatível com a doença, assim como o exame clínico. A tomografia
evidenciou acometimento pulmonar de 30 a 50%, necessitando de oxigênio".

Ainda segundo a pasta, "a paciente teve piora progressiva clínica e respiratória, sendo necessário intubação orotraqueal e ventilação mecânica, mantendo gravidade crescente de seu quadro clínico desde então, evoluindo a óbito nesta segunda-feira, no dia 20 de julho".
"Em conformidade com a situação, o diagnóstico da declaração de óbito consta causa morte por Síndrome Respiratória Aguda Grave por Pneumonia Viral – Covid-19", conclui a nota.