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Morte na fila de espera

Mais de 800 pessoas faleceram entre abril e julho aguardando vaga para internação

Um levantamento divulgado pela Defensoria Pública do Rio, ontem, mostrou que mais de 700 pessoas morreram, entre abril e junho, na rede pública de Saúde, à espera de um leito para internação. A Defensoria mostrou, ainda, que mais de cem pessoas também faleceram em unidades pré-hospitalares sem sequer terem o pedido de transferência formalizado no Sistema Estadual de Regulação. Como consequência do descaso na Saúde Pública, parentes das vítimas ainda sentem a perda dos entes queridos.

Sergio Valim, de 67 anos, faleceu em uma poltrona na UPA da Tijuca, enquanto aguardava por um leito para ser internado. Seu filho, Marcos Valim, contou os dias difíceis que viveu com o pai na unidade de saúde, em maio: "De início não parecia nada demais, só uma falta de ar, mas em três dias, ele mal conseguia se movimentar. Quando chegamos, ele estava com a saturação em 75% e, mesmo ficando no oxigênio, só caía, chegando a 60%. Levaram ele para a sala amarela, para ficar isolado, e quando questionei a transferência, só me diziam que já tinha sido solicitada". Para Marcos, é muito difícil pensar nas condições ruins em que o pai faleceu: "Foi uma morte solitária, nem em um leito de enfermaria ele conseguiu ficar".