"É um absurdo o que eles vêm fazendo com a gente. Nos prontivemos a salvar vidas numa situação de guerra e agora isso? É um jogo de empurra e nós ficamos sem resposta e sem salários", ser queixou a enfermeira Nilza de Azevedo, 57 anos, que trabalha na unidade desde a abertura, em maio.
Moradora de Anchieta, a técnica de enfermagem, Suelen Silva, 30 anos, fala da falta de condições nos últimos dias de plantão. "Se dependesse deles, ficaríamos usando a mesma máscara por quase 15 dias. Ouvi relatos de colegas que trabalharam nesse fim de semana que faltou até remédio, porque já não tinha ninguém na farmácia da unidade", conta.
Na sexta-feira, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) fez a transferência dos pacientes do Hospital de Campanha do Maracanã e de São Gonçalo para outras unidades hospitalares por conta do término do contrato com a organização Iabas.
A juíza Aline Maria Gomes Massoni da Costa, da 14ª Vara da Fazenda Pública do Rio, intimou o Estado do Rio para que cumpra decisão da 25ª Câmara Cível e mantenha em funcionamento os hospitais de campanha do Maracanã e de São Gonçalo. Caso a determinação seja descumprida, o governador Wilson Witzel e a Secretaria de Saúde do Rio podem ser multados em R$ 2 mil, por hora.
Críticas ao descaso na pandemia
A enfermeira Nilza de Azevedo, que foi contratada para o hospital de campanha em maio, classificou de "absurdo" o descaso com os profissionais. "Nos prontificamos a salvar vidas numa situação de guerra, e agora isso? É um jogo de empurra e nós ficamos sem resposta e sem salários", se queixou Nilza, 57 anos. Já a técnica de enfermagem Suelen Silva, de 30, denunciou a falta de condições de trabalho nos últimos dias de plantão. "Se dependesse deles, continuaríamos usando a mesma máscara por 15 dias", disse.
A SES transferiu os pacientes do Maracanã e de São Gonçalo para outras unidades em razão do término do contrato com o Iabas.
OZZ - Coordenada 2
Em um impasse judicial desde maio com o governo estadual do Rio, a empresa OZZ Saúde Eireli, responsável por gerir o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), alerta para risco de colapso e paralisação dos atendimentos emergenciais por conta da interrupção dos pagamentos. “A dívida da Secretaria Estadual de Saúde do Rio com a empresa já passa de R$ 50 milhões. Investimos mais de R$ 30 milhões de capital próprio para fazer um estoque e estamos negociando com os fornecedores. Não podemos continuar prestando o serviço sem receber, isso gera até um enriquecimento ilícito do estado”, ponderou Eduardo Zazo, diretor da OZZ. Segundo Zazo, a decisão que determinou que os pagamentos fossem interrompidos, devido a possíveis fraudes contratuais, veio de um erro no relatório da secretaria. “Estamos aguardando que a Controladoria do Estado refaça os cálculos, nos colocamos à disposição”. Por nota, a SES informou que o contrato está sendo auditado pela pasta por vício de finalidade em valores de serviços prestados, insumos e bancos de horas. Além disso, estuda a possibilidade de fazer o pagamento das folhas de pagamento e insumos.