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Ponto final: abandono

BRT soma 54 estações paradas ou fechadas por causa de depredação e violência

Rio, 15/07/2020  - ESPECIAL - Depredacao e vandalismo nas estacoes do BRT, Transcarioca. Estacao Arroio Pavuna. Na foto: Moaradores de rua na estacao. Jacarepagua, zona oeste  do Rio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia
Rio, 15/07/2020 - ESPECIAL - Depredacao e vandalismo nas estacoes do BRT, Transcarioca. Estacao Arroio Pavuna. Na foto: Moaradores de rua na estacao. Jacarepagua, zona oeste do Rio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia -

No chão, isqueiros, pinos de cocaína usados e restos de cabos roubados. Os vidros, que protegiam o local, também já não existem mais. O cenário crítico é da estação do BRT Rede Sarah, no corredor Transcarioca. Fechada em abril, devido a vandalismo e furtos, essa é só uma das 54 estações do modal que estão com o serviço interrompido.

Os motivos dos fechamentos, segundo o consórcio, são diversos: nove das estações foram fechadas desde abril por depredação na pandemia. Para "otimização operacional" no período, 24 também estão inoperantes. E outras 21 estações estão lacradas desde 2018 por vandalismo e violência. O fato é que, ao todo, 40% das estações do BRT encontram-se fechadas.

O problema afeta a rotina de passageiros como Higor Brailko, 38 anos. Morador de Jacarepaguá, ele usava diariamente a estação Recanto das Palmeiras, inativada em razão da pandemia. Ele precisa, então, alongar seu trajeto à pé até a próxima estação do BRT, Vila Sapê. O local também está depredado e há três meses sem bilheteiro.

"Fecharam a outra estação, mas essa também está largada. Os ônibus estão andando lotados, mesmo com a regra de distanciamento. Minha preocupação é o BRT parar de vez, do jeito crítico que está", disse.

E a possibilidade de paralisação do sistema não é pequena. Na semana passada, o consórcio emitiu uma nota em que destacou ter acumulado R$ 100 milhões em perdas, devido à perda de passageiros com as medidas de isolamento social na cidade. Sem auxílio do poder público, a operação desse transporte pode ser interrompida já no próximo mês, de acordo com o BRT.

"Sinceramente? Eu preferia os ônibus comuns. As pessoas não têm consciência de manter, não pagam passagem. Os ônibus só andam cheios e muitos estão quebrados. Na pandemia, só piorou", desabafou a passageira Renata Leão, 35 anos, moradora de Curicica.

Na estação Arroio Pavuna, os problemas encontrados não foram muito diferentes: além do acúmulo de lixo, dois moradores de rua dormiam no local.