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Ofensa vira demissão

Mulher que destratou fiscal em aglomeração perde emprego

Vídeo das ofensas do casal repercutiu na Internet
Vídeo das ofensas do casal repercutiu na Internet -

Uma mulher foi demitida após repercussão na Internet de reportagem do 'Fantástico', da Globo, em que ela ofende fiscal da Prefeitura do Rio em ação contra aglomeração na Barra da Tijuca. Nívea Dal Maestro destratou o superintendente de Educação e Projetos da Vigilância Sanitária, Flávio Graça, que se dirigiu ao marido dela, Leonardo Barros, como "cidadão". Ela respondeu: "Cidadão, não, engenheiro civil, formado, melhor do que você". Graça é mestre e doutora em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. "O equivoco deles era tão grande que eles estavam tentando coibir uma fiscalização que no final descobriu mais de 80kg de carne vencida que estava sendo comercializada para eles. É uma sucessão de erros. O sentimento que me dá é vergonha alheia", diz o superintendente.

A empresa para qual Nívea trabalhava se manifestou no Facebook afirmando que "compartilha a indignação da sociedade em relação a este lamentável episódio". O texto diz ainda que a funcionária desrespeitou a política da empresa e foi demitida. A publicação foi curtida mais de 25 mil vezes.

Ontem, o prefeito Marcelo Crivella anunciou que vai pedir ajuda da PM para coibir desrespeito a agentes que fiscalizam aglomerações. "A gente vai pedir pra PM para acompanhar nossos fiscais. É um desacato à autoridade",disse.

Especialistas analisam o comportamento

Para a pesquisadora em saúde Chrystina Barros, durante toda a pandemia, conhecemos bem c suficiente do vírus para saber no mínimo como ele se transmite e saber que a doença pode ser grave.
“O que estamos vendo são pessoas que ignoram orientações, desrespeitam o outro, debochando mais do que tudo, do vírus, se expondo, levando para casa, para outros que terá contato a possibilidade de ficarem doentes”, afirma a especialista. “Ainda cabe refletir se essa pessoa depois de ter saído de um bar, aonde exerceu uma postura de completo desrespeito e cuidado, observou alguma norma de higiene, limpeza de mãos, retirar os sapatos antes de entrar em casa ou até mesmo distanciamento social daquelas pessoas que podem ter ficado em casa porque são do grupo de risco. Estar em um bar da maneira que nós vimos, é um símbolo do desrespeito à vida e do descuido com o próximo. Os jovens se sentem invulneráveis, mas a conta chega”, completa.
Segundo a psicóloga Renata Bento, a negação presente no comportamento de muitos cariocas que se recusam a sair das aglomerações é um mecanismo de defesa frente a uma situação desconhecida de desespero. “O sujeito passa a tratar algo mais complexo ou até perigoso de modo muito simples, podendo se colocar em risco, a pessoa não enxerga. Numa situação como essa vista das aglomerações, coloca-se em risco e coloca os demais em risco também. Regados a boa dose de onipotência, arrogância e falta de empatia. Lidar com a realidade, requer entrar em contato com o desespero”, provoca ela, que é membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro.

Balanço da fiscalização

Ainda de acordo com a Vigilância Sanitária desde quinta-feira - três primeiros dias da fase 3 - foram inspecionados 180 pontos comerciais e aplicadas 132 multas. Do total de operações, 108 foram realizadas em bares e restaurantes, com cinco interdições e 56 multas, a maioria por falta de higiene, funcionamento irregular e aglomeração. No sábado, as equipes inspecionaram 53 estabelecimentos dos setores que voltaram a funcionar na quinta: academias, estúdios de tatuagem e depilação e os comércios de alimentos.
Entre os comércios, 29 foram bares e restaurantes, sendo sete na Avenida Olegário Maciel, na Barra da Tijuca, onde o restaurante foi interditado e multado por aglomeração e falta total de higiene, principalmente, nos banheiros e na cozinha. O restaurante recebeu também um termo de intimação para a readequação das instalações e teve apreendidos 97kg de carnes e queijos impróprios ao consumo.
"Constatamos diversas irregularidades neste estabelecimento. Na parte estrutural identificamos pontos de infiltração, buracos na parede, falta de dispensadores de sabão e álcool gel para a higiene dos funcionários. Além disso, encontramos uma grande quantidade de alimentos sem procedência e com data de validade vencida, resultando não só na interdição como na apreensão e inutilização dos produtos", frisa Flávio Graça, superintendente de Educação e Projetos da Vigilância Sanitária.

Com a palavra o SindRio

Representando 10 mil bares e restaurantes do Rio de Janeiro, o Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio) diz ser absolutamente contra a aglomeração de pessoas identificada em alguns pontos, sobretudo em espaço público, onde bares e restaurantes não exercem controle.
"O que se viu em alguns bairros não corresponde ao trabalho sério e comprometido de todos os empresários que abriram suas portas para receber seus clientes, dentro da legalidade, e com todos os protocolos ainda mais rígidos de higiene e de distanciamento", afirma o SindRio em nota.
Ainda de acordo com o SindRio, a orientação segue sendo para que as casas cumpram todas as determinações da Prefeitura do Rio, inclusive fechando às 23h.
Vídeo das ofensas do casal repercutiu na Internet Reprodução / TV Globo
O superintendente da Vigilância Sanitária, Flávio Graça Reprodução / TV Globo
Nota da empresa Taesa explicando a demissão da então funcionária que ofendeu um agente da Prefeitura do Rio Reprodução/Facebook