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Camelôs cariocas vivem dificuldade com falta de renda fixa e fiscalização rigorosa

Ambulantes pedem ajuda nas redes sociais para sustentar família e sobreviver em meio à pandemia

Priscila Gomes vende doces nas ruas do Rio
Priscila Gomes vende doces nas ruas do Rio -
Chicletes, amendoins, fones e carregadores. Guarda-chuva em dias nublados. As calçadas do Rio de Janeiro vivem ocupadas por vendedores ambulantes em tempos normais. Onde há movimento, há uma barraca estacionada ou uma lona esticada no chão, espaços sagrados para os trabalhadores garantirem a alimentação da família. Mas a pandemia do novo coronavírus esvaziou o comércio e prejudicou a já dura vidas desses informais, que agora ocupam outro espaço, o virtual, para gritar por ajuda.
André Pacheco mantém há dez anos uma barraca de yakisoba nos Arcos da Lapa. Parado por conta da pandemia, o camelô está há três meses em casa. Chegou a contrair a covid-19, se recuperou, mas não sabe como fazer para garantir a alimentação dos filhos e netos. "Estou passando dificuldades em casa. Não consegui receber o auxílio emergencial, não tive apoio da Prefeitura também. É triste ver seu filho de quatro anos pedir 'papai, quero mamar'", lamenta André, que publicou um vídeo nas redes sociais pedindo ajuda. Na publicação, ele reclama da falta de auxílio municipal, já que é um vendedor ambulante legalizado. "Nossa feira continua suspensa, e a gente não sabe o que fazer. Tenho quatro filhos e uma neta que ainda tomam mamadeira". Em seu perfil nas redes sociais, André anuncia uma vaquinha para tentar arrecadar dinheiro.
Vendedora de balas e chicletes nos ônibus e sinais de trânsito do Rio, Priscila Gomes, 18, perdeu toda a mercadoria após uma batida de agentes da Prefeitura na última quinta-feira. "Estava passando perto do Nova América e sentei para descansar. A fiscalização parou o carro e disse que eu não poderia estar trabalhando. Pegaram minha mercadoria e desde então eu estou parada. Não tenho dinheiro sequer para comprar a mercadoria", conta Priscila, que calcula ter perdido R$ 200 em produtos. A jovem criou uma vaquinha online para tentar voltar a trabalhar. "Meu sonho é ter uma vida honesta, ter minha casa. Estou na luta".
A secretaria municipal de Ordem Pública informou, em nota, que "não são concedidas autorizações para ambulantes atuarem nos sinais da cidade, apenas em espaços pré-definidos e devidamente autorizados pela Secretaria". A pasta disse ainda que os ambulantes "que não estão legalizados são orientados pelos agentes a desocuparem o logradouro público e podem ter a mercadoria apreendida". Durante a pandemia, o pedido de legalização do comércio pode ser feito no site da secretaria da Fazenda.