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PDT entra com ação no STF por ameaça de ditadura militar

Bolsonaro cita na reunião ministerial a possibilidade de acionar as Forças Armadas para fechar o STF

Montado em um cavalo da PM, Bolsonaro acena para manifestantes em frente ao Palácio do Planalto
Montado em um cavalo da PM, Bolsonaro acena para manifestantes em frente ao Palácio do Planalto -
O PDT entrou nesta quarta-feira com uma Ação Direta de inconstitucionalidade (ADI) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Lei Complementar 97/1997, que disciplina o emprego das Forças Armadas e repete o artigo 142 da Constituição, com o objetivo de definir os limites do poder militar. O partido alega que o dispositivo tem sido usado para defender uma eventual intervenção militar contra o Congresso e o Supremo.

"A invalidação do texto em comento pode dar azo à controvérsia sobre a titularidade da decisão para o emprego das Forças Armadas, inclusive a hedionda cogitação de seu acionamento espontâneo - eufemisticamente, intervenção militar, mas na prática, um coup d'état -, como arroubos sediciosos à ordem constitucional ousam insinua", diz a ação.

No documento, o PDT também argumenta que a atuação das Forças Armadas em estados e municípios só pode ocorrer com a anuência do Congresso, nos casos de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio. De acordo com a ADI, isso não prejudica os trabalhos dos militares em fronteiras, missões de paz, espaço aéreo e eleições, pois tratam-se de atribuições subsidiárias.

Na última terça-feira o presidente do Supremo Dias Toffoli rebateu as interpretações do artigo 142 da Constituição Federal de que as Forças Armadas possuem poder moderador, o que autorizaria uma intervenção em outros poderes. Já nesta quarta-feira, foi a vez do ministro Luís Roberto Barroso rejeitar uma ação que pedia para a Corte estabelecer como uma eventual convocação dos militares se deveria acontecer.

O presidente Jair Bolsonaro fez menção ao art. 142 durante a polêmica reunião ministerial divulgada à imprensa pelo ministro Celso de Mello, realizada em abril deste ano. Na ocasião, o mandatário disse que poderia "pedir as Forças Armadas que intervenham para restabelecer a ordem no Brasil, naquele local sem problema nenhum".