Uma multidão vestida de preto e usando máscaras contra a Covid-19 tomou, ontem, uma das pistas da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, para protestar contra o racismo e a violência policial nas favelas. "Eu tô de preto, de favelado, que todo dia na favela é assassinado", era um dos principais gritos de guerra no trajeto, aberto pela faixa 'As mães negras não aguentam mais chorar'.
Os manifestantes saíram da estátua em homenagem a Zumbi dos Palmares, na Praça Onze, e seguiu até a Candelária. O ato homenageou vítimas da violência policial em comunidades, como Ágatha Félix, no ano passado; João Pedro, morto este ano; Marcos Vinícius, em 2018; e Maria Eduarda, em 2019, além de lembrar o assassinato da vereadora Marielle Franco, há dois anos.
A manifestação não registrou nenhuma confusão, apesar do grande número de policiais cercando a passeata e intimidando os manifestantes.
Não faltaram cartazes com a frase em inglês "I can't breathe" (Não consigo respirar), dita pelo norte-americano George Floyd, assassinado por um policial branco. Por volta das 16h, todos se deitaram no chão, simulando os mortos por policiais, e gritaram "Vidas negras importam".
Outras capitais
As manifestações contra o racismo tomaram também as ruas de 16 capitais do país e outras cidades. Em São Paulo, uma multidão munida de cartazes e gritando palavras de ordem se concentrou no Largo da Batata. Em Brasília, houve caminhada nas proximidades da Esplanada dos Ministérios.
Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) Belém (PA), Recife (PE) e Porto Alegre (RS) foram algumas capitais que registraram protestos.