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Mal chegou já foi embora

Nelson Teich pediu demissão 28 dias após assumir no lugar de Luiz Henrique Mandetta

Rio, 08/05/2020  - COVID 19 - CORONAVIRUS - Ministro da saude Nelson Teich visita o hospital de campanha com o prefeito Marcelo Crivela. Riocentro, Jacarepagua. zona oeste do Rio. Na foto Marcelo Crivela com o consul da China no Rio Li Yang. coronavirusrio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia
Rio, 08/05/2020 - COVID 19 - CORONAVIRUS - Ministro da saude Nelson Teich visita o hospital de campanha com o prefeito Marcelo Crivela. Riocentro, Jacarepagua. zona oeste do Rio. Na foto Marcelo Crivela com o consul da China no Rio Li Yang. coronavirusrio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia -
Não durou nem um mês. Depois de um novo embate sobre o uso da cloroquina no tratamento da covid-19 com Bolsonaro, o agora ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão do cargo. Foram 28 dias à frente da pasta responsável por coordenar o combate ao novo coronavírus que já matou mais de 14 mil pessoas no país. A despedida aconteceu, ontem, durante pronunciamento, em que o oncologista ressaltou a importância do SUS, mas não justificou o motivo da sua saída.
"A vida é feita de escolhas e hoje eu escolhi sair. Dei o melhor de mim neste período. Não é simples estar à frente de um ministério como esse num momento difícil. Quero agradecer o meu time, que sempre trabalhou intensamente por esse país", disse o ex-ministro em sua despedida.
A saída do ex-ministro Teich já era esperada por conta da discordância com o presidente Bolsonaro contra a recomendação irrestrita para o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 e os posicionamentos do presidente sobre a necessidade do afrouxamento às regras de isolamento social, ambos posicionamentos questionados pela comunidade científica.
O oncologista assumiu a pasta da Saúde após a saída de Luiz Henrique Mandetta, que teve os mesmos pontos de divergências com o presidente Jair Bolsonaro.
Agora com a saída de Teich, os nomes cotados para assumir o posto são o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra eo generalEduardo Pazuello,secretário-executivo do Ministério da Saúde e que assumiu como ministro interino até a decisão do presidente Bolsonaro.
Tiro pela culatra
A saída de mais um ministro pode custar caro para o presidente Bolsonaro. Isso porque após a saída do médico, o apoio do Centrão é dúvida. Um dos líderes do conjunto de partidos políticos, o deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP) divulgou uma nota ontem criticando os "impulsos" do presidente na condução da crise do novo coronavírus. No Congresso, representantes do grupo já afirmam que será muito difícil apoiar Bolsonaro em meio à queda de popularidade. Em outra frente, no entanto, partidos como o PL também intensificaram as negociações para ocupar pastas no Ministério da Saúde.
A saída de Nelson Teich da chefia do Ministério da Saúde acentua o clima de instabilidade e insegurança com relação às medidas adotadas pelo governo federal durante a pandemia da covid-19, segundo especialistas. Para a professora da UFRJ e especialista em Saúde Coletiva, Lígia Bahia, mais uma troca de ministro interfere na continuidade da forma como a doença é contida no Brasil.
"O combate à covid-19 no país já sofre, principalmente por não seguirmos as recomendações internacionais e científicas. Agora com essa mudança, possivelmente teremos a descontinuidade dos poucos esforços realizados para que o SUS consiga atender os doentes. A troca de ministros durante a pandemia é um ato muito irresponsável", reforça a professora. Lígia afirma que, se Bolsonaro colocar um ministro que implemente a cloroquina como uma "bala de prata" para a covid-19, não terá apoio da categoria médica.
Rio, 08/05/2020 - COVID 19 - CORONAVIRUS - Ministro da saude Nelson Teich visita o hospital de campanha com o prefeito Marcelo Crivela. Riocentro, Jacarepagua. zona oeste do Rio. Na foto Marcelo Crivela com o consul da China no Rio Li Yang. coronavirusrio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia Ricardo Cassiano/Agencia O Dia
O ministro da Saúde, Nelson Teich, durante a coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, sobre as ações de enfrentamento no combate ao coronavírus Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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