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Favelas se organizam

Santa Marta, Alemão e Maré fazem acompanhamento da Covid-19 nas comunidades

No Santa Marta, mobilização para higienizar a comunidade
No Santa Marta, mobilização para higienizar a comunidade -

Os moradores das comunidades do Rio estão se articulando para detectar e conter o avanço do novo coronavírus nas favelas. No Morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul, o combate tem sido constante. Um levantamento da liderança comunitária, que ouviu 283 pessoas, mostra que a maioria sente algum sintoma gripal (52,7%). Apesar disso, o número de moradores que afirmam não terem passado por qualquer tipo de exame de Covid-19 é de 98,4%. O mapeamento pode servir como base para as autoridades.

A favela foi uma das primeiras na cidade a passar pela 'higienização', numa iniciativa dos próprios moradores, liderada pelos irmãos Thiago e Tandy Firmino, responsáveis pelo Grupo Alerta Santa Marta. Outro ponto evidenciado pela pesquisa é a falta de testes: apenas 2,6% dos entrevistados teve acesso ao exame do coronavírus. Para os especialistas, a testagem baixa tem sido um fator determinante para a subnotificação de casos e óbitos. "O ideal seria que cada favela tivesse seu polo para o tratamento da Covid-19", explica o professor e médico sanitarista da Fiocruz Daniel Soranz.

Em outra frente, no Complexo do Alemão, na Zona Norte, o portal de notícias Voz das Comunidades, liderado por Renê Silva, monitora os novos casos de Covid-19 em todas as favelas do Rio. Segundo o painel, 300 pessoas, de pelo menos 12 favelas, já foram contaminadas, e 100 não resistiram. Ainda segundo o painel, Rocinha, na Zona Sul, concentra o maior número de casos (92) e o de óbitos (36). Já o Complexo da Maré, que também conta com um sistema de monitoramento feito pelos próprios moradores, por meio da ONG Redes da Maré, aparece em segundo lugar, com 39 casos confirmados e nove mortes.

Motoboys no auxílio a favelas

A Alerj autorizou o governo estadual a implementar o Sistema de Logística Solidária para melhorar o acesso de produtos doados às comunidades. A norma prevê a criação de núcleos de distribuição, com a participação das associações de moradores, voluntários e motoboys. A liderança comunitária da Rocinha, área que conta com pelo menos 1,8 mil mototaxistas, enxerga como positiva a iniciativa. "Isso vai facilitar a chegada de alimentos às pessoas que não podem sair de casa, como os idosos", disse o presidente da associação, Wallace Pereira. Os profissionais farão cadastramento e também poderão coletar dados sobre a saúde dos moradores. O governo poderá liberar cotas de combustível aos motoboys.