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Tempos de sensibilidade à flor da pele

O agente funerário é ilustrado na cultura popular como uma figura fria, que ganha a vida a partir da dor alheia. O desafio, porém, é o oposto: é preciso reconfortar a família e controlar as emoções para não desmoronar com ela. "A gente lida com a venda do serviço, mas também temos sentimentos. Temos que amenizar os da família e os nossos. Isso é o mais importante: tratar como humano, mesmo, como se fosse da família da gente. A família fica conversando com a gente durante um tempo, desabafando. Isso é importante para o processo. Não é só escolher valores de urnas ou ornamentação", conta Bruno Barcellos. Para Jorge Lino, a emoção está ainda mais à flor da pele nas últimas semanas. "Agora durante a pandemia tem sido ainda mais sensível. Você convive com a pessoa dez, vinte, quarentena anos e não pode dar um último adeus. Você não pode abrir o caixão, mal colocar uma coroa de flores. Não tem cerimônia. Eu me ponho no lugar delas. Muitas vezes que tem pessoas aqui que a gente tem que se segurar para não chorar".