Mais Lidas

Quarentena: idosos não querem ficar em casa e saem às ruas

Pesquisa aponta que 30% descumprem isolamento. Hotéis têm baixa procura

Idosos estudando
Idosos estudando -

Os passeios diários na orla de Copacabana têm feito falta na rotina da aposentada Lucy Alves. Aos 93 anos, ela faz parte do chamado grupo de risco da pandemia do novo coronavírus e é moradora do famoso bairro carioca que, segundo o IBGE, concentra o maior número de pessoas da terceira idade (43 mil). Embora se previna, nem todos os idosos parecem preocupados como ela e insistem em circular pelas ruas.

Levantamento do Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental (IPRC-Brasil), em parceria com a Hibou, mostra que 30% dos idosos brasileiros não estão seguindo o isolamento social. No Rio, a prefeitura já disponibilizou quatro hotéis para receber esse público, mas a adesão continua muito baixa.

Segundo a pesquisa, que contou com dois mil participantes em todo o país, 26% dos dissidentes desrespeitam a quarentena apenas quando necessário. Já os 4% restantes dizem que continuam levando uma rotina normal. "Ver que 70% deles estão cumprindo o isolamento é uma surpresa positiva, mas os 30% que continuam saindo de casa levantam uma preocupação", afirma Renato Santos, responsável pelo levantamento.

O estudo também mapeou o risco comportamental dos idosos no período de quarentena. Os principais motivos para a 'escapadinha' são: fazer compras (66%), garantir a saúde mental (14%), ir ao trabalho (10%) e risco aventura (5%).

"As compras podem ser feitas por entregadores ou amigos", orienta o pesquisador. Segundo Santos, "parece que esse grupo encontra nas compras uma justificativa para sair de casa". Para ele, a grande questão é entender a rotina que os idosos levavam antes da quarentena. "Assim fica mais fácil de encontrar alternativas que ajudem a minimizar essa sensação e o impacto na saúde mental deles", afirma.

Outro dado importante são os 10% dos dissidentes que afirmam 'saber se cuidar na rua e não consideram as saídas perigosas', conhecido como risco aventura. Outros 5% acreditam ser praticamente imunes à Covid-19.