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'Somos uma só equipe'

Expostos ao risco de contaminação, garis se dedicam à limpeza da cidade e comemoram apoio dos cariocas na luta contra o coronavírus

O gari Mateus Avelino costuma ouvir elogios por sua dedicação
O gari Mateus Avelino costuma ouvir elogios por sua dedicação -

Médicos e enfermeiros saem todos os dias de casa com o objetivo de salvar vidas, isso todo mundo sabe. Mas o trabalho da equipe de saúde não depende só dos esforço desses profissionais. Diversas atividades, muitas vezes pouco valorizadas, contribuem para que a sociedade consiga resistir em tempos de crise. Esse é o caso dos garis. Muitas vezes ignorados, os profissionais de limpeza têm se empenhado para, durante a pandemia, diminuir os danos e impedir a propagação do novo coronavírus.

“Eu fico preocupado, é sempre um risco. Principalmente porque eu moro com meus pais e tenho medo quando, ao final do dia, tenho que voltar para casa. Mas estou sempre passando álcool gel, usando máscara e tomando o máximo de cuidado na rua”, conta Mateus Avelino, gari da Comlurb, que vê esperança na postura do carioca.

“As ruas estão realmente mais vazias, muita gente está obedecendo a ordem de ficar em casa e está deixando o trabalho até um pouquinho mais tranquilo”, explica o profissional que, durante o trabalho na Zona Portuária, costuma ouvir muitos elogios. “Quando alguém passa por mim na rua é para agradecer. Outro dia me disseram: ‘vocês são os guerreiros que estão cuidando da cidade, na linha de frente’. Isso é uma coisa muito legal”, celebra Mateus.

 
 

Uma rotina de risco

Para Diogo Narciso, que trabalha na limpeza do Hospital Salgado Filho, no Méier, os cuidados com a higiene já eram muito intensos. "A rotina é a mesma, porque as técnicas que efetuamos no âmbito hospitalar já são para combater vírus e bactérias. Estamos com o cuidado redobrado, mas não há tanto medo, porque já trabalhamos com outras doenças infectocontagiosas, como a tuberculose." Ele destaca o trabalho da categoria: "Temos importância para a vida de todos os que utilizam os hospitais. Sem higiene, não há saúde".

Favela consciente

Encarregado da limpeza das ruas e vielas da Rocinha, Jorginho Filho diz que a favela também é uma aliada na luta contra o vírus. "Só saio de casa para trabalhar e porque é um trabalho fundamental. Se a gente deixar de trabalhar, podem ter várias outras doenças além da pandemia. E a comunidade entendeu bem. A gente sabe que tem uma galera que tem menos grana e, se não trabalhar, não tem como sobreviver. Mas tenho visto muitas medidas para contornar isso, como os mototaxistas saindo com luva para trabalhar", conta.