'Glória a quem trabalha o ano inteiro em mutirão". O verso do samba de 1984 da Unidos de Vila Isabel, composto por Martinho da Vila, diz um pouco sobre 2020. Em ação conjunta com costureiras das 12 escolas do Grupo Especial, além de União da Ilha e Estácio de Sá, que desfilaram na elite do último carnaval, a Liga Independente das Escolas de Samba vai coordenar a confecção de aventais para funcionários da rede pública de saúde e máscaras para os moradores das comunidades.
Beija-Flor, Grande Rio e Viradouro já iniciaram as confecções das máscaras com as sobras do material do carnaval. As agremiações vão abrir suas quadras e ateliês para o trabalho das costureiras. Segundo Jorge Castanheira, presidente da Liga, elas serão remuneradas. "A nossa previsão inicial é de um mês de confecção com seis costureiras de cada grupo de trabalho, porque a gente não quer aglomerar", explicou. Os aventais serão criados a partir da orientação do governo. "As máscaras são para as comunidades. Se na região da escola tiver algum asilo ou abrigo, que precisam desse atendimento, elas podem doar".
Luiz Carlos Magalhães, presidente da Portela, acredita que este é um bom momento para que o poder público perceba o potencial social das escolas. "A iniciativa da Liesa veio em boa hora, estávamos aflitos para entrar nessa guerra. Que isso sirva de exemplo para que o Estado, de uma forma geral, use as escolas de samba para outros projetos sociais", diz.
As escolas da Série A também vão contribuir. A Unidos de Padre Miguel iniciou em seus ateliês a produção máscaras e capotes, que serão doados aos hospitais de referência no combate à doença.
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Escolas doam cestas básicas
Além da confecção de máscaras, as escolas de samba têm ajudado na oferta de cestas básicas. O Salgueiro inicia, a partir de hoje, campanha de doação de alimentos não perecíveis, material de higiene e limpeza. A agremiação da Tijuca, por meio de parceiros, já conseguiu arrecadar 230 cestas básicas de alimentos e 230 de limpeza. "O momento é de olhar para o próximo e, na medida do possível, levar alegria e ajuda às nossas comunidades. Este é o papel fundamental das escolas de samba, o papel social. É muito gratificante poder ajudar quem está conosco", comentou o presidente do Salgueiro, André Vaz.
O presidente da Estácio de Sá, Leziário Nascimento, concorda com a iniciativa. Na última semana, ele disponibilizou a quadra da agremiação, no Centro, para distribuição de cestas básicas. "A responsabilidade de nossa agremiação com a comunidade é enorme pois são eles que estão ao nosso lado em todos os momentos. Já houve entrega de cestas básicas em nossa quadra e, provavelmente, faremos mais uma distribuição de insumos como sabonete, luvas e máscaras", disse Leziário