Ao longo dos seus 106 anos, dona Diva da Costa viu o mundo se transformar e vencer a maior pandemia do século 20: a gripe espanhola, em 1918. A veterana, que deveria ter 4 anos à época, não duvida de que vamos encontrar a cura do novo coronavírus. "Disciplina, força e fé", diz ela, esperançosa, que jura até ter visto membros da ex-família real. "Lembro a carruagem, a coroa da rainha, todo mundo batendo palma, música. Uma festa bonita", afirma, saudosa.
Nascida em Petrópolis e registrada em 1918 — na certidão consta que tem 102 anos, dona Diva explica com lucidez que se recorda de quando famílias chegaram à Cidade Imperial fugidas da gripe espanhola que assolava o Rio, a então capital brasileira.
"As pessoas valorizavam os solários, as esplanadas, onde não se perdia o sol da manhã. Onde entra o sol, a doença não se estabelece", ensina. Ela conta que sempre abria a casa toda ao amanhecer e que deixava o sol entrar: "Ar-condicionado é um grande mal".
O professor e historiador Milton Teixeira reforça o raciocínio de dona Diva. Segundo ele, a doença era conhecida por deixar os pulmões cheios de líquido. Muitos perceberam que o clima seco e fresco era bom para os pulmões e um tratamento eficaz para evitar que o órgão se enchesse de água.