A crise do novo coronavírus levou boa parte do Brasil a adotar medidas para "achatar a curva" do contágio, como o isolamento horizontal — válido para todas as pessoas.
Entretanto, na semana passada, o governo federal apontou a inconsistência dessa tática para a economia. Na quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro apresentou, via rede social, o isolamento vertical (para o grupo de risco — idosos com 60 anos ou mais, hipertensos, diabéticos e doença renal, doença respiratória crônica ou cardiovascular) como nova forma de combate à Covid-19, com a proposta #OBrasilNãoPodeParar. Essa medida, porém, foi muito questionada por especialistas.
O médico do Hospital Universitário da UFRJ, Alberto Chebabo, explica que, diferentemente do isolamento horizontal, a proposta de Bolsonaro quer estender a quarentena só aos mais vulneráveis, enquanto o resto da população volta à rotina. Apesar de prometer um respiro econômico, o especialista diz que isso é "irreal".
"Quem vai contaminar o grupo de risco são filhos e netos que, por estarem seguindo suas atividades, ficam expostos ao vírus".
Brasil no caminho certo
O infectologista Marcos Lago não nega a eficácia do modelo para doenças com transmissão controladas mas, para a Covid-19, recomenda que o Brasil se espelhe no resto do mundo: manter o isolamento social. Segundo ele, com a troca do modelo agora, em pouco mais de um mês, o Brasil teria mais de 100 mil casos confirmados, se o país seguir a curva da Itália.
"O Brasil está em um momento especial porque, apesar de já ter alguns hospitais cheios no Rio e em São Paulo, segura a explosão da doença para evitar que chegue a mais cidades. Se quebrar o isolamento agora, temo que o contágio comece a entrar pelo país", afirmou.