'Álcaô' à venda na rua

A falta de álcool em gel nas prateleiras dos supermercados e drogarias provocou o surgimento de um mercado paralelo, com produtos falsificados e de procedência duvidosa, explorado por camelôs. Entre os produtos oferecidos como álcool em gel estão até mesmo acendedores para churrasqueiras e misturas inusitadas, que podem provocar danos à saúde de quem usar.

Desde o início da semana, mais de mil frascos de suposto álcool em gel foram apreendidos pela Guarda Municipal. A maior parte dos produtos apreendidos usava uma mistura de álcool líquido com gel para cabelo. Ninguém foi preso.

Os produtos ilegais são vendidos a preços que variam de R$ 5 a R$ 10, bem abaixo do valor de mercado (entre R$ 15 e R$ 25) do produto regular. "É preciso ter muito cuidado para não levar gato por lebre", previne o químico Rafael Almada, presidente do Conselho Regional de Química da Terceira Região (CRQ3).

Em uma banca localizada na saída da estação Central do Brasil, um ambulante comemora a venda dos dois últimos frascos de álcool em gel 80%, usado para queimar carvão em churrasqueiras. A média autorizada do álcool higienizador é de 70%. "O álcool em gel para higienização das mãos é considerado um produto cosmético, precisa de autorização da Anvisa para ser produzido", alerta, em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Venda ilegal é crime

A Secretaria Municipal de Fazenda (SMF) diz que a venda de álcool em gel — e de outros produtos inflamáveis, corrosivos e explosivos — não é permitida pelo comércio ambulante, conforme a Lei 1876/92. A produção e venda por pessoas não autorizadas é crime. A Subsecretaria de Vigilância Sanitária orienta aos consumidores que comprem produtos químicos apenas nos estabelecimentos autorizados: drogarias, farmácias e lojas do comércio varejista. "Na hora da compra, o consumidor precisa conferir no rótulo se o produto tem registro da Anvisa e finalidade de antisséptica", alerta".

Farmácias de manipulação

Anteontem a Anvisa autorizou as farmácias de manipulação a prepararem e venderem álcool em gel. A medida pretende ampliar o acesso da população ao produto, considerando o alto número de farmácias de manipulação em funcionamento no país. A autorização é temporária e faz parte das ações de enfrentamento do novo coronavírus. A Resolução da Diretoria Colegiada 347/2020, que regulamenta o tema, foi publicada ontem, no Diário Oficial da União.