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DESFILE DE EMOCIONAR

Mangueira arranca aplausos do público e está na briga pelo bicampeonato

Carro Calvário trouxe Jesus negro e crivado por tiros
Carro Calvário trouxe Jesus negro e crivado por tiros -

Atual campeã do Carnaval, a Mangueira, a exemplo do que já tinha feito no ano passado, trouxe um enredo ousado e de grande impacto ao retratar Jesus sob uma ótica completamente crítica. E fez uma apresentação que a colocou como forte candidata ao bicampeonato. A Verde e Rosa foi um dos destaques da primeira noite de desfiles do Grupo Especial, domingo, ao lado de Viradouro e Portela.

Uma das principais alegorias do enredo A Verdade Vos Fará Livre, o carro Calvário trouxe um Jesus representado por um jovem negro, crucificado e com marcas de tiros. Uma crítica às mortes de jovens negros nas comunidades cariocas. Onde se lê, nas imagens oficiais, a palavra "Inri", na cruz levada pela Mangueira para a Sapucaí, estava escrito "negro". A alegoria emocionou e arrancou aplausos do público nas arquibancadas.

Na comissão de frente, as caixas de som se transformaram em uma cruz. Jesus, de tênis verde e rosa, vestia jeans e pochete. A encenação da Santa Ceia virava uma cena de opressão policial, em que os agentes revistavam apóstolos e o próprio Cristo.

Outra a causar na passagem da Verde e Rosa foi a Rainha de Bateria Evelyn Bastos. Representando Jesus Cristo em corpo de mulher, ela usou cruzou a Avenida sem sambar. "Para nós, sambistas, o ato de sambar é cultural. Mas para muitas religiões, para muita gente, ainda é um ato que vão sexualizar. Então, por decisão do carnavalesco (Leandro Vieira) e minha, decidimos respeitar quem tem um pensamento divergente do nosso. Tive que abdicar do que eu faço desde pequena, que é sambar, para emanar essa mensagem de amor."