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SAMBAR COM FÉ

Dez escolas do Grupo Especial retratam a religiosidade em diferentes culturas

Em um ano marcado por um racha na Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa), atrasos na renovação do contrato de transmissão da TV e crise financeira acentuada, por conta da retirada da subvenção municipal, as escolas de samba se apoiaram na fé para levar um belo espetáculo à Marquês de Sapucaí neste Carnaval. Dez das 13 agremiações do Grupo Especial vão passar pelo tema em algum momento dos seus desfiles, que acontecem hoje e amanhã. Por sua vez, as críticas políticas e sociais, já presentes no ano passado, ganham ainda mais força em 2020.

Para o especialista Aydano André Motta, o retorno da temática religiosa ao espetáculo tem relação com a crise. "A partir de Fernando Pamplona, as escolas de samba começaram a falar da religiosidade do seu povo. Mas isso mudou um pouco com os enredos patrocinados. Agora, o tema volta à tona, porque as escolas foram obrigadas a acordar para a realidade de abandono pelo setor público e pela elite. Elas se voltaram para suas comunidades", explica.

Aydano acrescenta ainda outra característica da festa neste ano: a chegada de uma nova geração de carnavalescos ao Grupo Especial. "Eles vêm com personalidade e ideias. Acredito que a postura questionadora assumida pelas agremiações é um caminho sem volta. Fazer um enredo delirante ficou em outros tempos", afirma.

Coordenador de Carnaval de O Dia Online e dono do site Carnavalesco, Alberto João destaca que a disputa está em alto nível. "Quando não tem dinheiro no bolso, a criatividade aflora. Acredito que 80% das escolas briguem, e com muita força, para voltar no Sábado das Campeãs. O Grupo Especial está esbanjando qualidade estética. São enredos fortes e que deixam mensagens importantes", analisa.

Confira os enredos e os sambas das escolas que desfilam hoje nas páginas 4, 5, 6 e 7.