Os moradores do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, viveram cerca de 300 horas de operações policiais em 2019, o que representou uma operação a cada nove dias. Foram 49 mortes: um aumento de mais de 100%, em relação a 2018. Dessas, 34 foram em decorrência de ação policial e 15 por ação de grupos armados.
As informações fazem parte da 4ª edição do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, lançado ontem. O levantamento é produzido pelo projeto De Olho na Maré, através do Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré.
Foram registrados 24 dias de atividades suspensas nas escolas da região, totalizando até 12% dos dias letivos perdidos, e 25 dias de atividades suspensas em unidades básicas de saúde, com menos 15 mil atendimentos.
Para a coordenadora do levantamento, Lidiane Malanquini, os dados mostram o impacto das operações policiais. "Historicamente, os indicadores de sucesso de uma operação policial são medidos através do número de pessoas presas, apreensão de drogas e armas. A produção de dados e narrativas de quem sofre os impactos severos desta política de segurança, que não preserva a vida, fecha escolas, postos de saúde e limita tantos outros direitos, é fundamental para pensarmos como as políticas públicas podem se estruturar a partir das necessidades e das demandas locais", afirmou Lidiane.