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Grande Rio entra na Avenida pedindo um basta á intolerância religiosa

Sob o comando dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, a agremiação de Caxias conta a vida e obra do pai de santo Joãozinho da Gomeia

Grande Rio 2020
Grande Rio 2020 -
'Eu respeito seu amém. Você respeita o meu axé'. É com esse grito de esperança que o Acadêmicos do Grande Rio vai levar o debate sobre tolerância religiosa à Marques de Sapucaí, neste Carnaval. Tudo isso através da história do mais famoso pai de santo da cidade, Joãozinho da Gomeia. Com o enredo Tata Londirá: O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias, a agremiação resume a vida e obra do religioso baiano que teve grande destaque nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil.
"Ele se tornou uma personalidade importantíssima do cenário religioso e político daqueles anos. Negro, homossexual, nordestino e babalorixá, encarnava diversas camadas de preconceitos existentes na sociedade. As alegorias e fantasias vão falar de sua trajetória, inclusive de sua relação com o Carnaval - Joãozinho da Gomeia amava essa época do ano, saiu como destaque em várias escolas de samba", explica o carnavalesco Leonardo Bora. "Ele frequentava bailes do Theatro Municipal, onde encarnou, entre outros personagens, uma vedete Arlete, da qual se travestia. Por conta desse episódio, chegou a quase ser expulso da Federação Espírita, mas foi absolvido", complementa Gabriel Haddad, também carnavalesco da Escola.
Segundo Leonardo, o último setor do desfile deste ano promete surpreender as arquibancadas do Sambódromo. "Fechamos com uma alegoria na qual estarão líderes de várias religiões, como padres, pastores, pais de santo, representantes do hinduísmo, num pedido de paz e respeito entre todos os credos. Faremos um Carnaval muito especial na nossa história". 

O grande trunfo da Grande Rio, no entanto, é o poder de transformação da Escola a cada Carnaval. "Apostamos muito no que muitos vêm chamando de "reinvenção". Valorização de suas pratas da casa, e, principalmente, com um enredo com o qual a comunidade se vê totalmente identificada", afirma Haddad, que não acredita no brilho de Paolla Oliveira como Rainha de Bateria. "A Paolla tem uma excelente relação com os componentes e com os ritmistas. É o seu retorno depois de 10 anos para a agremiação e todos estão muito felizes com isso".

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