Mais Lidas

Artesãos do Carnaval

Carnavalescos da Grande Rio prometem juntar luxo e artes em um desfile grandioso

Estreando no Grupo Especial, os carnavalescos Gabriel Haddad, de 31 anos, e Leonardo Bora, de 33, vão levar para a Sapucaí uma Grande Rio repaginada. A estética artesanal da dupla, vinda da Série A, aparecerá logo no início do desfile, em que o abre-alas terá mais de mil metros de trabalho de costura, como macramê, crochê e tricô.

Ao contar a história de Joãozinho da Gomeia, babalorixá mais famoso do Brasil e considerado Rei do Candomblé, a agremiação de Caxias vai criticar a intolerância religiosa e o preconceito. "Negro, nordestino, homossexual e candomblecista, Joãozinho é uma figura indócil e atual", diz Leonardo, ao explicar o enredo Tata Londirá. O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias.

Segundo o carnavalesco, o nome de Joãozinho apareceu logo na contratação, em março do ano passado. "Era um desejo da Grande Rio falar sobre um personagem ligado a Duque de Caxias e à matriz afro-brasileira", destaca. "E além da religiosidade, será abordado seu lado artístico e a própria ligação com o Carnaval. Pensar essa figura é olhar para a memória carnavalesca do século 20", diz.

Os dois admitem que, mesmo com a ascensão para a Elite do Carnaval, gostam de botar a mão na massa. "Nossa forma de trabalho é a mesma, só que em escala maior", considera Leonardo, que apresentava marca de tinta nas mãos, na entrevista. "Gostamos de dialogar com formas não convencionais de produzir Carnaval. São roupas feitas à mão, com tingimento natural e bordados", exemplifica.