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Guerra suja de sacolés

Alguns dos saquinhos são enchidos com água de esgoto, tinta e até fezes

Jovens marcam ponto de encontro para ocorrer a 'guerra de sacolé'
Jovens marcam ponto de encontro para ocorrer a 'guerra de sacolé' -

A nova moda entre jovens moradores de várias comunidades do Rio de Janeiro já viralizou nas redes sociais. A mais falada é a 'luta' entre Gogó da Ema e Guaxa, ambas em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A brincadeira, conhecida como 'Guerra dos Sacolés', tem tomado conta das ruas, com postagens marcando os encontros em determinadas localidades, incluindo a postagem de vídeos de 'façanhas', entre elas arremessar os sacos em oponentes. O conteúdo dos sacolés, ao contrário dos tradicionais sucos de fruta, não é nada saboroso. Moradores denunciam que os participantes do 'modo sujo' costumam entrar usando água de esgoto, tinta, urina e até fezes de cachorro. A prática não é nova — na verdade, é bem antiga, com registros de outras 'guerras' desde o século 19. Atualmente, defensores do 'jogo limpo' dizem que a regra é usar apenas saquinho cheio de água.

A preparação para a batalha suja geralmente é registrada em vídeo, com músicas que enaltecem os 'combatentes' e o resultado final, com direito a placar. No local marcado, os jovens começam a arremessar os sacolés uns nos outros. Os perdedores saem geralmente sujos e desmoralizados.

Tal batalha, no entanto, remonta a períodos antigos da história universal e do Rio de Janeiro. O professor e historiador de cultura de rua, Luiz Antonio Simas, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que a prática não é recente. Segundo ele, a modalidade antigamente era conhecida como "entrudo carnavalesco", que como indica o nome, acontecia na época do Carnaval. À época, no século XIX, as pessoas iam às ruas ou espaços rurais e jogavam lama, limões de cheiro e também fezes, umas na outras.