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Castigo sem crime

Mesmo após provar inocência, presos por falhas da polícia e da Justiça ainda sofrem

Em 2011, a Polícia Civil prendeu 15 homens, a maioria idosos, acusados de pertencer a um perigoso grupo de milicianos que agia no bairro da Taquara, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade. Depois de ampla divulgação do caso pela imprensa e seis meses e 21 dias de prisão, o grupo foi solto. A Justiça inocentou todos eles das acusações de homicídio, enriquecimento ilícito, formação de quadrilha, entre outros supostos crimes.

O processo acabou extinto, mas foi difícil retomar a vida normal. "Até hoje o sofrimento é muito grande. Em cada lugar que vou, sempre acho que estão me apontando e me chamando de miliciano. Acabaram com a nossa vida. Um de nós saiu da prisão maluco. Eu estou fazendo tratamento com psicólogo e vou iniciar também com o psiquiatra. Foi um baque muito grande para todos nós", recorda o aposentado Edson Dias de Moura, de 75 anos.

Este é um dos inúmeros episódios nos quais os inocentados após a prisão continuam a amargar as consequências do cárcere por engano, provocado por falhas na investigação. Outra vítima desse tipo de erro foi o dentista André Luiz Biazucci, hoje com 32 anos. Em 2014, ele passou quase sete meses preso, acusado de estuprar sete mulheres. Mesmo depois de provar sua inocência por meio de exame de DNA, André teve que mudar de cidade para evitar represálias.

Apesar da mudança para outro endereço, ainda não foi possível esquecer o período no cárcere. "O pior de tudo foram as humilhações. Apanhei dos agentes na prisão. Um completo absurdo", lembra.