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Cariocas sofrem com atraso das obras do BRT Transbrasil

Entrega está prevista para junho deste ano

Buraco com água parada chama atenção no Caju, na Zona Portuária
Buraco com água parada chama atenção no Caju, na Zona Portuária -
Desde que foram iniciadas, em 2014, as obras para a construção do corredor Transbrasil geraram mais de R$ 730 milhões em prejuízo para os cariocas, segundo constam os dados do Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ). Embora 80% dos recursos já tenham sido utilizados e a prefeitura diga que 90% das obras estejam concluídas, o funcionamento do serviço parece estar longe de acontecer. O DIA esteve em alguns pontos da via e conversou com moradores, passageiros e motoristas. O descontentamento, que já era grande, aumentou em dezembro do ano passado quando funcionários receberam férias coletivas, adiando mais uma vez a entrega para junho deste ano. 
O corredor deveria estar pronto em 2016. Esta seria a principal ligação entre o bairro de Deodoro e a Zona Portuária da cidade. No entanto, após algumas paralisações no canteiro, a mais recente delas no final de 2019, devido à uma possível dívida da prefeitura com a construtora, deixou o carioca ainda mais desconfiado. Caso de Maria do Socorro, de 37 anos, que não acredita no novo prazo dado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação (SMIH). "Já estamos nessa há quanto tempo? Eu, por exemplo, tenho esperado bem mais pelo ônibus que pego. É muito cansativo para nós. Não dá para acreditar", diz.
Orçado em R$ 1,4 bilhão, a Transbrasil deveria ser o quarto corredor com circulação exclusiva de ônibus na capital. Mas, enquanto a inauguração não ocorre, na estação do Caju o cenário é de abandono. Lixo acumulado, buracos abertos com água parada e risco de assaltos, estão entre as principais reclamações de quem passa por ali. "É uma pouca vergonha. Tem quase dois meses que não vejo ninguém trabalhando aqui. É o nosso dinheiro que está indo embora", desabafou João Francisco, de 65 anos.
Motorista de aplicativo, Paulo Santos (58) passa pela via todos os dias. Ele questiona a falta de sinalização. "As interdições, trocas de agulha de local e trânsito já são horríveis para quem dirige, mas o pior é a sinalização. Um exemplo disso são as faixas mau pintadas ou inexistentes. Aqui perto do cemitério está um caos, ninguém sabe em que pista está".
Prejuízos no comércio
Severino dos Ramos, gerente do posto Rio Nova Parada, que fica na altura da passarela 3, reclama que as obras impactaram até no movimento do posto de combustível. Ele culpa, principalmente, o fechamento de uma das agulhas que permitiam a mudança de faixa dos veículos. "O pessoal deixou de passar aqui. Desde que isso aconteceu, o fluxo caiu em torno de 70%. Tivemos que cortar metade dos funcionários", reclama.
O problema relatado pelo gerente vai de encontro ao cálculo do TCM, já que o levantamento considerou danos causados por atrasos em engarrafamentos, acidentes que provocaram licenças médicas, impossibilidade de investir o orçamento em outras áreas e impactos na vida dos cidadãos, como a perda de oportunidades.
De acordo com a SMIH, 800 funcionários estão em atividade nas obras da Avenida Brasil. Sendo que, uma parte trabalha em canteiros destinados à produção das peças de concreto pré-moldado usados na construção de estruturas como a do viaduto que vai ligar o Caju ao Instituto Nacional de Traumatologia.
Prejuízos na Niemeyer
O fechamento da Avenida Niemeyer, umas das principais ligações entre a Zona Oeste e a Zona Sul do Rio, também causa prejuízos aos cariocas. Não à toa, o Sindicato dos Meios de Hospedagens (Hotéis Rio) e a Associação de Moradores de São Conrado (Amasco), se reúnem hoje, às 8h, na área externa do Hotel Nacional, para um encontro que marcará publicamente o pedido de reabertura da Avenida Niemeyer. A via segue interditada pelo Ministério Público (MP-RJ) desde 28 de maio do ano passado, após um deslizamento de terra que resultou na morte de duas pessoas.
Segundo o Hotéis Rio, o movimentação dos empreendimentos na região caiu cerca de 80%. Já a Associação Comercial do Recreio, afirma que o impacto na distribuição de mercadorias para Barra da Tijuca e adjacências são sentidos pelo consumidor final, já que o fechamento da via obriga o acesso com pedágio via Linha Amarela. 
Ainda segundo a associação, com a mudança, o trânsito da região para quem atravessa da Barra da Tijuca para a Zona Sul sofreu acréscimo de pelo menos 40 minutos. Vale ressaltar que antes do fechamento, circulavam em média 36 mil veículos pela Avenida Niemeyer, segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio.
De acordo com o Tribunal de Justiça (TJ-RJ), a prefeitura conclui somete metade das obras e sua continuação, sem a interdição das pistas, traria risco aos operários e transeuntes. Ainda segundo o TJ, o laudo elaborado pelo Município, que atestaria a ausência de risco de rolagem de pedras,
carece de anotação de responsabilidade técnica (ART) junto ao CREA. Outro argumento é o estado de conservação do Motel Vip's, cujo muro tombou durante o processo, e que demanda uma investigação técnica
mais detalhada.
Em nota, a SMIH informou que a prefeitura vem se utilizando das vias legais, pedindo a reabertura da via, e que as ações emergenciais foram finalizadas e a pasta já iniciou a desmobilização dos canteiros de obras.  Foram investidos R$ 34 milhões, em 54 pontos de intervenções em diferentes ao longo de toda a via até a comunidade do Vidigal.
Buraco com água parada chama atenção no Caju, na Zona Portuária Renan Schuindt
Seu João Francisco diz que há pelo menos dois meses não nota a presença de funcionários no canteiro de obras Renan Schuindt
Passarela não foi concluída Renan Schuindt
Rio,10/01/2020 - AVENIDA BRASIL- Obras na Avenida Brasil. na foto, Maria do Socorro .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cléber Mendes
Rio,10/01/2020 - AVENIDA BRASIL- Obras na Avenida Brasil .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cléber Mendes
Rio,10/01/2020 - AVENIDA BRASIL- Obras na Avenida Brasil .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cléber Mendes
Rio,10/01/2020 - AVENIDA BRASIL- Obras na Avenida Brasil .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cléber Mendes
Rio,10/01/2020 - AVENIDA BRASIL- Obras na Avenida Brasil .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cléber Mendes