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De dentro da cadeia

Preso em Bangu 9, miliciano é acusado de ser o mandante de chacina em São Gonçalo

Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Daniel Castelo Branco / Agência O Dia -

'Estão achando que só vocês que fazem chacina?'. Essa foi a provocação do miliciano Anderson Cabral Pereira, o Sassa, aos seus companheiros de cela, que integravam o grupo paramilitar de Itaboraí, na Penitenciária Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9, no Complexo de Gericinó. Ele é apontado pela Polícia Civil como o mandante da chacina do Campo da Brahma, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, em maio de 2019. A declaração foi dada no dia do crime, onde quatro pessoas foram mortas e sete ficaram feridas a tiros.

Segundo as investigações da Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo, Sassa estava em sua galeria quando mandou os outros detentos assistirem televisão e prestarem atenção nas reportagens, porque ele havia ordenado um atentado em um bar em São Gonçalo. Em outubro do ano passado, policiais da DH apreenderam um celular usado pelo miliciano dentro da sua cela.

Atirador identificado

A chacina foi motivada por um desentendimento entre Sassa e uma das vítimas sobreviventes. O escolhido por ele para executar o crime teria sido seu irmão de consideração, Ronan Azevedo Bento, conhecido também como Jogador. Através de depoimentos de testemunhas, a DH descobriu que ele seria um dos quatro ocupantes do Hyundai HB20 preto, que atiraram contra cerca de 50 pessoas que confraternizavam num bar em frente ao Campo da Brahma, no bairro Porto Velho.

Venda de gás e cobrança de taxa

A milícia liderada por Sassa atua nos bairros Gradim, Porto Velho, Porto Novo e Boa Vista, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios (DH), a organização criminosa controla a venda de gás da região e cobra taxas pelo serviço ilegal de segurança para comerciantes.

Na disputa com traficantes pelo domínio das atividades criminosas, Sassa teria ordenado também que Ronan Azevedo Bento, que é seu irmão de consideração, executasse outra chacina, em julho do ano passado, em um ponto de venda de drogas da Favela do Crime, no Gradim, bairro de São Gonçalo. Três homens morreram e outros dois ficaram feridos.

Daniel Castelo Branco / Agência O Dia fotos de Daniel Castelo Branco
Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco
Ronan Azevedo está foragido Reprodução
Ronan Azevedo Neto. Reprodução / Agência O Dia