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Da obra pros palcos

Rômulo Mello se divide entre o trabalho como pedreiro e a paixão pelo balé

Rômulo Mello se apaixonou pela dança aos 17 anos e já se apresentou até para o ex-presidente Lula
Rômulo Mello se apaixonou pela dança aos 17 anos e já se apresentou até para o ex-presidente Lula -

O encanto dos movimentos do balé harmoniza perfeitamente com o talento de Rômulo Mello, pedreiro e bailarino de 32 anos. Aos 17 anos, o jovem descobriu sua paixão pela arte com o projeto Dançando Para Não Dançar, na tradicional Escola de Balé das Comunidades. No estúdio do Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio, ele aprendeu os primeiros passos, que, depois, o levaram a palcos muito maiores.

Desde pequeno, o caminho de Rômulo se cruzou com o da dança. A inspiração vinha de berço, com o pai, dançarino de soul, e a mãe, ex-passista da Unidos de Vila Isabel. Mas o encontro só veio a acontecer definitivamente na juventude do rapaz.

"O Dançando mudou tudo na minha vida, é minha segunda família. A partir da minha vivência aqui, pude conhecer pessoas e entrar em contato com outras escolas de arte. Além disso, em 2005, dancei para o então presidente Lula. A experiência foi maravilhosa, eu nunca acreditei que chegaria lá", conta Rômulo, orgulhoso.

Depois de entrar para a dança, o bailarino teve que se dividir entre a arte e o Exército. "Quando disse que era bailarino, ficaram muito orgulhosos e falaram que eu era homem de verdade de assumir, sem medo, essa paixão", lembra.

Apesar dos anos de dedicação, Rômulo ainda não consegue se sustentar apenas com a dança. Hoje, começa a construir uma família e, com um filho de 2 anos, decidiu seguir os passos do seu pai como auxiliar de pedreiro. O ganha-pão permite que, um dia, realize seu sonho: ganhar dinheiro com o que ama. Enquanto isso, faz dos palcos seu espaço de expressão.

Já são 25 anos de projeto

O projeto Dançando Para Não Dançar completa 25 anos transformando a vida de crianças e jovens de oito comunidades do Rio — Rocinha, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Mangueira, Chapéu-Mangueira, Babilônia, Borel e São Carlos. Hoje, a iniciativa ajuda 150 jovens. E já formou alunos que integram companhias fora do país. Para Thereza Aguilar, coordenadora e idealizadora do projeto, o sonho começou após uma viagem na Alemanha. "Sempre tive vontade de criar uma companhia acessível. O balé é uma dança muito cara, queria encontrar alguma forma de mudar a vida das pessoas."