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Após sequestro, a volta ao batente

Dona de bar na Lapa relembra horas de terror

'Agora é a hora de juntar os cacos, levantar a cabeça e limpar tudo para voltar a trabalhar com mais força. A minha vida precisa voltar à rotina. Tenho que pagar minhas contas'. É o que diz a aposentada Lúcia Aparecida Ferreira, de 64 anos, dona do Bar da Preta, um dia após permanecer cerca de 8 horas sequestrada dentro do próprio estabelecimento, na Rua do Rezende, na Lapa.

Preta, como é conhecida, estava entre as sete pessoas feitas reféns por Danilo Macedo, de 42 anos. Ela revela que ainda não sabe como vai ser o futuro de seu comércio, mas diz que precisa pagar as contas.

Durante todo o sábado a comerciante recebeu apoio de vizinhos e clientes. "Ainda estou muito assustada. Nunca entrei numa delegacia na minha vida e ontem (sexta-feira) tive que entrar. Mas preciso erguer a cabeça. No momento só penso em voltar, mas o futuro ainda não posso planejar".

Dentro do bar, o cenário era de destruição: panelas de comida com cabelo, pratos quebrados, fios arrebentados e forte cheiro de querosene. "Ele destruiu tudo. Abriu várias cervejas, quebrou meu computador, jogou tudo pelo chão. Quando decidiu cortar o cabelo, jogou nas panelas com comida", revela.

Lúcia acredita ter sido vítima de preconceito. "Ele várias vezes me ofendeu por causa da minha cor", diz ela, confirmando que, uma semana antes, houve um desentendimento entre ele e um cliente: "Ele esbarrou em uma mesa, dando início a uma confusão".