Mais Lidas

Confusão em igreja católica durante celebração ao Dia da Consciência Negra

Uma pessoa foi agredida durante o tumulto e o caso foi parar na delegacia.

Diogo Andrade depôs na delegacia que investiga crimes raciais
Diogo Andrade depôs na delegacia que investiga crimes raciais -
Rio - Uma missa em celebração ao Dia da Consciência Negra na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Glória, Zona Sul do Rio, acabou virando caso de polícia após um grupo de católicos conservadores invadir a paróquia e tentar impedir a realização do ato religioso, na noite de quarta-feira. A Polícia Civil informou que pelo menos um registro de agressão e de intolerância religiosa foi feito na 9ª DP (Catete).

Um funcionário da igreja explicou que o grupo alegou que iria rezar o terço. Uma testemunha disse que os jovens rezavam, em latim, em voz alta, para tentar atrapalhar a realização da missa.

“Eles já chegaram aqui na igreja com essa intenção de não deixar que a missa acontecesse. São jovens católicos radicais. Alguns deles já foram membros aqui da nossa paróquia”, disse o funcionário que pediu para não ser identificado”.

Membros da igreja informaram que a celebração acontece há pelo menos 10 anos na paróquia e que nunca sofreu nenhuma interferência. A celebração tem todos os víeis de uma missa católica, mas seguindo fundamentos da cultura afro.

A confusão assustou os vizinhos da igreja. “Foi tudo muito estranho. Eu só percebi a confusão na hora em que um rapaz gritou contra o padre. O padre foi bem calmo e sempre falando que não deixaria de realizar a celebração”, explicou a moradora de um prédio vizinho.

A Polícia Militar informou que policiais do 2º BPM (Botafogo) foram acionados para a ocorrência e encaminharam os envolvidos para a delegacia.

O delegado Gilbert Stivanelli, titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), explicou que irá avaliar o procedimento feito na 9ª DP para que seja tomada as medidas cabíveis.

Segundo o delegado, inicialmente trata-se de um caso de perturbação de prática de culto. A pena para esse crime é de no máximo um ano.
O Babalawo Ivanir dos Santos, tratou o ato como um caso discriminativo. "Está claro que houve sim o ato de discriminação de raça e política". Ivanir explicou que está acompanhando o caso e vai aguardar uma posição da Igreja Católica. 
A Arquidiocese do Rio e a direção da Igreja do Sagrado Coração de Jesus foram procurados, mas não se manifestaram sobre o caso.