Tradição contra a intolerância

O Dia da Consciência Negra foi comemorado ontem com roda de capoeira e a lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares, no centro do Rio.
As atividades começaram cedo. Zumbi é o representante da resistência negra contra a escravidão no Brasil. De acordo com o presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine), Luiz Eduardo Negrogun, a data é uma maneira de celebrar a memória, a cultura e a ancestralidade dos negros.
"É um momento de reflexão contra o racismo, que ainda está muito forte, e a intolerância religiosa. A lavagem do monumento de Zumbi representa a purificação e a integração entre o mundo físico e a espiritualidade", explicou.
Grupos de capoeiristas também se apresentaram no local. A manicure Feliciana Pereira, 67 anos, participava da roda. Há cinco anos, ela participa da celebração, no Centro: "Tenho orgulho da minha cor. Se eu nascesse outra vez gostaria de ter a cor do carvão. Essa data é importante para refletirmos sobre o racismo", argumentou ela.
A candomblecista Ione Paiva, 66 anos, acredita que a data também é uma oportunidade de valorizar a cultura africana. "É um momento de gritarmos pela importância da nossa raiz e da religião", comentou. E a cozinheira Jaciara da Cruz Gomes, 49, conta que participa da celebração há 30 anos. "Zumbi nunca foi esquecido. É uma tradição da minha família vir para a homenagem no Centro", orgulhou-se.