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Viação Quentão

Diversas linhas de ônibus que circulam no município do Rio ainda não possuem ar condicionado e passageiros e rodoviários sofrem com calorão nos veículos

Ainda faltam dois meses para o verão, mas as altas temperaturas já estão predominando no Rio. Nos últimos dias, os termômetros marcaram em média 30ºC e, para quem está dentro dos ônibus que ainda não contam com ar-condicionado, esse calor não é nada agradável. Na manhã de ontem, O DIA esteve nas estações da Candelária e Leopoldina e conversou com motoristas e passageiros dos quentões, que reclamaram do clima abafado dentro dos coletivos. "Tá muito quente e é só o começo", foi o desabafo de uma passageira do ônibus 301 (Alvorada x Rodoviária), do consórcio Transcarioca.
A 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça determinou, em agosto, que toda frota municipal seja climatizada até o dia 30 de setembro de 2020.
Mais do que o desconforto, o calorão num ambiente mais fechado pode prejudicar a saúde, como é o caso de Ana Claudia, de 60 anos. A bordo do ônibus 460 (São Cristóvão x Leblon), do Consórcio Intersul, a mulher diz que sua pressão arterial já chegou a 19.
"A questão não é nem só o calor não. Eu sofro de pressão alta, quando o ônibus está lotado então, aí que piora tudo, fica com a sensação de que está mais quente ainda. É um absurdo esses ônibus ainda não terem ar condicionado, afeta até a saúde, não é só a questão de já chegar nos lugares suada não", reclama.
De acordo com a determinação judicial, a Prefeitura do Rio deve realizar uma intervenção parcial no contrato de concessão dos ônibus da cidade, para que a administração municipal possa, efetivamente, implementar o processo de climatização total da frota, composta por 36 empresas e os consórcios Intersul, Internorte, Transcarioca e Santa Cruz.
Na Candelária, um motorista que faz a linha 312 (Olaria x Candelária), estacionou o veículo no ponto final e já desceu questionando "Quente está aí fora, dentro do ônibus está uma sauna. Cadê o ar?". Rodoviário há 14 anos, o rodoviário passa sete horas de seu dia dirigindo um ônibus que ainda não é climatizado.
Uma das queixas dele e de seus colegas é a falta de manutenção dos aparelhos de ar condicionado. "Os carros quando chegam, vem com o ar gelando. Mas não tem manutenção, não passa muito tempo, alguns já apresentam defeitos e aí dentro do ônibus fica mais quente do que do lado de fora", disse um rodoviário. "Não vejo a hora do ônibus que eu pego ter ar, mas que tenha um que dê vazão, né?", complementou a auxiliar de saúde bucal, Mariana Alves Rodrigues, de 22 anos, usuária da linha 639 (Saes Peña x Jardim América).
O processo de intervenção já havia sido iniciado em 2018, através do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (GAEMA) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), e foi judicializado em agosto deste ano. De acordo com a decisão do TJ, o município vem adotando uma postura omissa e e leniente no trato da questão.
O Rio Ônibus respondeu que "está atuando junto às empresas para renovar a frota e climatizar todos os ônibus da cidade até setembro de 2020, conforme acordo firmado com a prefeitura em julho de 2018. Além disso, o Sindicato destaca que o percentual de climatização da frota está rigorosamente em dia, chegando a ultrapassar, até o momento, o determinado pelo poder concedente". No entanto, não revelou qual o percentual da frota refrigerado.

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