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Uma espera sem fim

Falta de insumos e de mão de obra trava identificação de ossadas e desaparecidos

DNA RESERVA PARA USO EVENTUAL
DNA RESERVA PARA USO EVENTUAL -

Fundamental para a elucidação de crimes sexuais e identificação de restos mortais de desaparecidos, o exame de DNA realizado pelo Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense (IPPGF), da Polícia Civil, sempre foi um grande aliado das investigações. Só este ano, mais de 30 ossadas foram encontradas em cemitérios clandestinos mantidos por grupos de milicianos. A maioria, extremamente degradada, só poderá ter sua identificação feita por perícia genética. O problema é que, diante da falta de reagentes e de mão de obra, alguns exames têm demorado até 1 ano e meio.

É o caso de um laudo requisitado em fevereiro de 2018 pela Delegacia de Descoberta de Paradeiro (DDPA). Segundo agentes da especializada, o exame só foi concluído em agosto deste ano. Ou seja, um ano e meio de espera. Mas este não é um caso isolado. "Acontece muito", aponta uma agente responsável por protocolar o recebimento desses exames em uma delegacia especializada.

Com a filha Patrícia Conceição Santos de Barros desaparecida em Campo Grande, na Zona Oeste, em 2014, dona Maria da Conceição Santos teve que aguardar dez meses para descobrir se um corpo encontrado carbonizado em 2017 era o da jovem. Patrícia foi morta pelo próprio marido, um ex-policial militar. Mesmo com os restos mortais disponíveis no Instituto Médico Legal e a família à disposição para coleta de DNA, a demora foi inevitável. O pedido do exame da DDPA foi emitido em agosto de 2017, mas o laudo, liberado apenas em junho do ano passado, permitindo o sepultamento da vítima.