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Diversidade na prática

Mulheres mudam o cenário e começam a ocupar mais cargos de chefia em empresas

Na Naturgy, metade da diretoria é formada por mulheres
Na Naturgy, metade da diretoria é formada por mulheres -

Os dados do IBGE são claros. No Brasil, as mulheres são maioria e representam 51,7% da população (cerca de 106,5 milhões). A superioridade numérica, porém, não se reflete em setores primordiais para a economia, como os cargos executivos. Mas o movimento de algumas empresas busca equilibrar esse jogo.

Por aqui, de acordo com uma pesquisa da International Business Report (IBR), apenas 29% das companhias têm mulheres em postos de chefia. Apesar de baixo, o número é maior do que a média global, de 24%.

A Naturgy, companhia de gás natural que tem atuação em diversos países, no Brasil é um caso à parte. Metade da diretoria é formada por mulheres, incluindo a CEO da empresa no país, a primeira a ocupar este cargo na companhia.

Kátia Repsold começou na Naturgy como gerente de Qualidade e, após atuar como executiva por alguns anos na Argentina, retornou como diretora técnica e recentemente se tornou CEO da empresa. Segundo ela, a caminhada até a presidência começou com uma boa estrutura familiar.

"Desde pequena, aprendi a ter coragem, estabelecer metas e a ser determinada. Credito meu ambiente familiar a muitos de meus valores, como resiliência, exigência e ética que, certamente, foram fundamentais em minha carreira. Estudei muito, não tive receio em competir e nunca perdi a curiosidade e a vontade de aprender", conta.

Empresa de família

Outro exemplo de liderança feminina está na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), presidida pela primeira vez por uma mulher em seus 210 anos de existência. Angela Costa começou cedo, aos 17 anos, na carreira de empreendedora e, aos 21, já havia assumido a empresa do pai.

"A empresa de transporte escolar tinha dois veículos e durante a minha gestão aumentou para 24. Nesta época começou também minha entrada em entidades empresariais pois fundei a Associação de Transporte Escolar e, depois, o Sindicato do mesmo setor", recorda a executiva.

A veia empreendedora abriu portas. "Esta experiência bem sucedida me levou a ser convidada a gerenciar uma empresa de embalagens de papelão. Lá, descobri a vocação de trabalhar com a indústria e fundei, alguns anos depois, a minha própria empresa na mesma área, que completa 40 anos em 2020" conta.

Um estudo realizado pela Consultoria McKinsey em parceria com a LeanIn.Org mostra que a cada 100 homens que são promovidos a cargos gerenciais, apenas 79 mulheres têm esse tipo de oportunidade.

No mercado, a situação é ainda mais complicada: há apenas uma mulher em cargo de chefia para cada 10 homens.

Aumento de receita

Segundo dados divulgados recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão pertencente à ONU, investir em políticas de igualdade de gênero e/ou diversidade ajudam a alavancar resultados nas empresas, inclusive as receitas.

Ainda de acordo com a pesquisa, que analisou mais de 70 mil companhias em 13 países, quanto maior o número de mulheres em cargos de liderança, melhores são os resultados.

"Tratamento igualitário para homens e mulheres, com políticas inclusivas, como licença maternidade estendida e licença paternidade ampliada, são exemplos dos avanços e debates importantes para ambos os gêneros que já implementamos na Naturgy", argumenta Kátia. Hoje, 38% dos colaboradores da Naturgy são do sexo feminino e metade da diretoria é formada por mulheres.

Apesar do avanço da presença feminina nos meios social e profissional, Angela reconhece que o preconceito ainda existe: "Ainda enfrentamos olhares desconfiados quando assumimos função de liderança. Mas não é uma luta contra os homens. Uma dica é controlar o lado emocional e dar foco ao objetivo naquele momento".

Na Naturgy, metade da diretoria é formada por mulheres Gilvan de Souza
Na Naturgy, metade da diretoria é formada por mulheres. Segundo a ONU, a presença feminina em cargos de chefia melhora os resultados Gilvan de Souza